Sociedade

Químicos presentes nos protetores solares entram na corrente sanguínea em menos de um dia de utilização

A conclusão é de um estudo conduzido pela Food and Drug Administration, a agência reguladora do medicamento dos EUA, que revela que vários dos ingredientes dos protetores solares são absorvidos pela corrente sanguínea em doses bastante superiores às quantidades máximas recomendadas

Os ingredientes ativos da maioria dos protetores solares entram na corrente sanguínea um dia após serem utilizados, em valores bastante elevados, assim revelou uma investigação publicada recentemente na Journal of the American Medical Association.

O estudo, conduzido pela Food and Drug Administration dos EUA, teve em conta 25 voluntários, que testaram quatro protetores solares diferentes, em spray, loção e creme, de forma aleatória. Durante quatro dias, foi pedido aos participantes que aplicassem os cremes quatro vezes por dia em 75% do corpo.

Depois disso, foram realizadas análises ao sangue e os investigadores descobriram que quatro ingredientes ativos- avobenzona, oxybenzone, ecamsule e octocrileno -estavam presentes em valores superiores às recomendadas pela FDA.

Ou seja, a investigação conclui que, se os protectores solares forem usados como é aconselhado, (de duas em duas horas e na quantidade de 2mg/cm2), logo após o primeiro dia de uso ocorre absorção e surgem concentrações plasmáticas superiores ao que seria de esperar. Além disso, a equipa deu conta de que a concentração sanguínea de três dos ingredientes continuava a aumentar à medida que os protetores eram aplicados ao longo do dia.

Estes resultados não significam, contudo, que as pessoas devam deixar de utilizar protetores solares, até porque, mundialmente, o melanoma está entre os 20 cancros mais comuns, tanto em homens como em mulheres, de acordo com o World Cancer Research Fund.

“Só porque os ingredientes são absorvidos isso não significa que eles não são seguros. É por essa razão que estamos a pedir dados adicionais”, referiu Theresa Michele, diretora da divisão de medicamentos não prescritos da FDA. Por isso mesmo, os benefícios da utilização dos protetores solares continuam a ser superiores aos seus possíveis riscos.

Além disso, o estudo apresenta algumas limitações, como o facto de as condições de uso nestes volutários ser diferente das reais, já que a aplicação dos protetores foi feita num espaço fechado, sem exposição ao calor e humidade, o que pode alterar a taxa de absorção. Mais ainda, foi desconsiderada a remoção do produto depois dos banhos, do suor e da limpeza com a toalha.

É, também, importante referir que, em Portugal, o oxybenzone não tem sido um ingrediente presente dos protetores comercializados, um facto que deve ser tido em conta, já que esta substância foi uma das encontradas em excesso após a realização das análises.

“Não devemos ignorar estes novos dados” concorda a DECO, reforçando, no entanto “a necessidade de mais estudos, de forma a perceber o significado clínico destes resultados”. “Estes dados são importantes e mostram a necessidade de continuar a estudar a segurança dos filtros solares usados nos protectores solares”, defende a associação portuguesa de defesa dos direitos dos consumidores.

Em relação à Europa, a legislação regula que filtros solares podem ser usados nos protetores solares e em que concentrações. No caso de surgirem dúvidas sobre a sua segurança, lembra a DECO, a SCCS (Scientific Committee on Consumer Safety) da Comissão Europeia faz uma avaliação do risco e a sua conclusão poderá levar, caso se justifique, à alteração da legislação.

Os investigadores alertam, agora, para a importância da realização de novos estudos, de forma a que se perceba qual o significado real destes estudos e se a absorção de algum destes ingredientes ativos dos protetores solares pode, na verdade, provocar algum tipo de efeito negativo para a saúde.

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