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Alto risco. PSP já interveio em mais de 600 festas e eventos só na área de Lisboa

São quase diárias as denúncias de festas que chegam às autoridades. Umas de maior dimensão, outras de menor. Em comum têm muitos jovens sem máscara, expostos ao risco de contágio e potenciais transmissores da covid-19.

Nos últimos três meses, a PSP interveio para dispersar 613 festas, eventos e concentrações organizadas de pessoas – isto só na zona da Grande Lisboa. Segundo dados oficiais do Comando Metropolitano (COMETLIS) da PSP de Lisboa, entre junho e agosto já foram “abordadas” cerca de 78 mil pessoas e detidas 112 por desobediência ao cumprimento das regras sanitárias da Direção-Geral da Saúde (DGS), que proíbem ajuntamentos com mais de 20 pessoas.

A norte, entre 600 e 700 pessoas, segundo a PSP, juntaram-se neste domingo numa festa ilegal em Vila Nova de Gaia, mais precisamente no jardim do Morro. A polícia foi ao local para mandar dispersar e foi obrigada a disparar quatro tiros de shotgun para o ar em reação a distúrbios entre participantes.

Alguns agentes acabaram por ser apedrejados, mas nenhum terá ficado ferido. Foi detido um jovem de 21 anos, residente em Matosinhos, devido a injúrias, ameaças e tentativa de agressão às autoridades.

Logo em junho, a PSP também teve de entrar em ação junto à praia de Carcavelos, onde mais de mil jovens se tinham juntado. Nesse mesmo mês, uma festa ilegal em Lagos causou um surto de covid-19 na região.

Quase todos os dias há notícias de festa ilegais por todo o país, principalmente junto às zonas balneares, mas também em áreas urbanas. Não usam máscaras, em geral.

Não só em Portugal, mas também um pouco por todo o mundo, como em Oslo, Noruega, onde vários jovens saíram intoxicados, ou no Reino Unido, onde se juntaram centenas de pessoas, falando em casos só no último fim de semana.

Jovens sentem-se impunes

“A esmagadora maioria destas situações têm como participantes jovens e na maior parte delas não estão a usar máscara”, sublinha fonte da PSP das Operações. “O que temos notado a agravar-se é que há um grande sentimento de impunidade por parte dos jovens, porque sentem que as consequências da doença não são tão grave na sua faixa etária”, acrescenta este responsável.

Nem a PSP nem a GNR têm dados estatísticos discriminados apenas sobre as festas ilegais que impediram que se realizassem ou travaram a meio (os dados do COMETLIS, juntam também eventos (como casamentos, manifestações, encontros) e concentrações não espontâneas de pessoas), mas ambas as forças de segurança recebem denúncias, numa base diária.

A PSP faz uma monitorização diária das redes sociais, “essencialmente por questões de ordem pública”, mas acaba também por detetar várias situações de organização de festas.

De acordo com a PSP, o seu departamento de informações faz uma monitorização permanente das redes sociais, “essencialmente por questões de ordem pública”, mas acaba também por detetar várias situações de organização de festas.

A maior parte das informações, porém, “chega através de denúncias ou mesmo do trabalho das nossas patrulhas no terreno”, refere a mesma fonte das Operações.

A GNR tem métodos de controlo semelhantes. “A informação sobre a realização de festas ou outros eventos pode chegar ao conhecimento da Guarda Nacional Republicana através de diversas fontes, designadamente por denúncias de cidadãos que contactam com a Guarda (presencialmente, por telefone ou por meio eletrónico); por recolha de informação proveniente do policiamento de proximidade; através da recolha de informação em fontes abertas, como redes sociais, entre outros”, assinala fonte oficial do comando-geral.

Sete festas, 700 pessoas

Só nas festas ilegais que mereceram comunicados oficiais – um total de sete desde junho -, a GNR já interveio em sete, onde participavam quase 700 pessoas.

A maior delas foi em Fernão Ferro (Seixal, Setúbal), a 4 de julho, onde estavam cerca de 300 pessoas numa festa privada numa moradia. Conta a GNR que “a festa, que decorria de madrugada, havia sido promovida através das redes sociais e os participantes envergavam uma pulseira alusiva à mesma”.

A denúncia que chegou à Guarda dava conta do elevado ruído que se fazia sentir nas imediações. “Após terem sido abordadas pelos militares da GNR, as pessoas presentes no evento acataram as indicações e terminaram a festa, ausentando-se do local.”

Outras festas ilegais que também deram que falar nas áreas da GNR foram uma na Comporta, onde estavam cerca de 40 pessoas, e outra em Almancil, esta com mais de 200.

Outras festas ilegais que também deram que falar nas áreas da GNR foram uma festa privada na Comporta, onde estavam cerca de 40 pessoas, e outra em Almancil, Loulé, esta com mais de 200.

Esta última tinha sido “amplamente divulgada pela empresa organizadora nas redes sociais, sendo a entrada exclusiva a clientes com reserva de mesa e a localização transmitida apenas 12 horas antes do seu início, com diversos artistas convidados”

Ambas as forças de segurança sublinham que “na maior parte dos casos as pessoas acatam tranquilamente as ordens das autoridades”, mas há quem defenda um endurecimento das multas. Em geral, são levantados autos de contraordenação por ajuntamento com mais de 20 pessoas e/ou consumo de bebidas alcoólicas em espaço público.

“Por muita pedagogia que vamos fazendo, aparentemente não chega. Se não houver consciencialização e penas mais pesadas, de pouco adianta.”

“Por muita pedagogia que vamos fazendo, aparentemente não chega. Se não houver consciencialização e penas mais pesadas, de pouco adianta”, afiança a fonte da PSP. As multas variam entre os 100 e os 500 euros

Apesar da preocupação, é esperado que com o fim do verão e das férias possa haver algum abrandamento nestas festas. Até porque o país vai voltar a estar em estado de contingência a partir de 15 de setembro, proibindo ajuntamentos com mais de dez pessoas não autorizados previamente pela DGS.

Origem
DN
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