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Covid-19. Mais de um terço das empresas de restauração pretende requerer a insolvência

No último ano, em média, 40% das empresas de restauração e similares reportaram quebras de faturação mensais homólogas acima dos 80% e cerca de metade declarou não ter capacidade para suportar os seus encargos operacionais, segundo um inquérito da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal

Cerca de 36% das empresas de restauração manifestaram intenção de requerer insolvência ao longo do último ano e mais de 46% estavam a avaliar esta possibilidade, segundo um inquérito da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).

Estes dados, resultantes dos 12 inquéritos mensais feitos entre março de 2020 e fevereiro de 2021 junto dos associados da AHRESP, num total de mais de 13 mil respostas (média de 1.200/1.300 respostas válidas por cada inquérito), foram apresentados pelo diretor do gabinete económico da associação em audição na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, conjunta com a Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia e do processo de recuperação económica e social.

De acordo com Pedro Carvalho, no último ano, em média, 40% das empresas de restauração e similares reportaram quebras de faturação mensais homólogas acima dos 80% e cerca de metade declarou não ter capacidade para suportar os seus encargos operacionais.

Como resultado, “durante os últimos 12 meses cerca de 36% das empresas de restauração demonstraram intenções de requerer o seu processo de insolvência, sendo que mais de 46% não sabiam se iriam avançar com esta medida ou não”, avançou.

No que diz respeito ao pagamento de salários, “devido à quebra imensa da faturação registada durante o período de um ano” mais de 17% das empresas de restauração e similares afirmaram que, ao longo dos vários meses, não conseguiram pagar os salários aos seus trabalhadores e 14% disse ter pagado apenas uma parte.

“Ou seja, mais de 30% dos trabalhadores ou não recebeu o seu salário, ou apenas recebeu uma parte ao longo dos últimos 12 meses”, salientou o diretor do gabinete económico da AHRESP.about:blank

Em matéria de emprego, a análise da associação demonstra que “após o período de verão, a partir do mês de setembro, houve uma intensificação dos despedimentos”, sendo que, em média, ao longo do ano de pandemia 27% das empresas restauração e similares já efetuaram despedimentos.

No setor do alojamento turístico, a AHRESP diz que “o cenário tem exatamente a mesma dimensão”.

“Em termos de ocupação, em média nos últimos 12 meses mais de 30% das empresas identificaram não ter tido qualquer ocupação nos seus estabelecimentos e 27% tiveram uma ocupação máxima até 10%”, disse Pedro Carvalho.

Já ao nível da faturação, numa média mensal dos últimos 12 meses, 61% das empresas de alojamento turístico tiveram quebras acima dos 80%.

No que toca à capacidade para suportarem encargos, 30% das empresas referiram que não tiveram capacidade para o fazer, o que se refletiu também nas insolvências: 17% das empresas indicavam ter intenção de recorrer a este mecanismo.

Já nos salários, a situação no alojamento turístico “foi mais agravada do que na restauração”, com 26% do setor a indicar que, ao longo do último ano, não conseguiu pagar salários aos seus trabalhadores e 9% a afirmar que apenas pagou uma parte. No que refere a despedimentos, 18% indicou já ter tido de os fazer desde o início da pandemia.about:blank

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.874.984 mortos no mundo, resultantes de mais de 132,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.890 pessoas dos 825.031 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde. A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Origem
Expresso
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