Nacional

Dentistas portugueses emigrados duplicaram em 10 anos

O número de dentistas portugueses a trabalhar no estrangeiro duplicou nos últimos dez anos, num país que já tem quase o dobro de profissionais do que as recomendações da Organização Mundial da Saúde.

O número de dentistas portugueses a trabalhar no estrangeiro duplicou nos últimos dez anos, num país que já tem quase o dobro de profissionais em relação às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo o estudo “Números da Ordem”, promovido pela Ordem dos Médicos Dentistas e a que a agência Lusa teve acesso, Portugal atingiu no ano passado um rácio de um médico dentista por 1.033 habitantes, que é praticamente o dobro do que é recomendado a nível internacional.

“Nota-se que há um aumento de emigração. Isto vem desde há cerca de 15 anos, mas acentuou-se no período de crise económica, a partir de 2008/2009”, afirmou o bastonário dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, em entrevista à agência Lusa. Reino Unido, França, Suíça e vários países da Escandinávia são os que atraem dentistas portugueses, oferecendo melhores condições salariais e de exercício profissional. Segundo os dados da Ordem, haverá cerca de 1.500 a dois mil médicos dentistas portugueses a exercer no estrangeiro.

“Em contrapartida, em Portugal há dificuldade de os médicos dentistas encontrarem colocação”, refere o bastonário, sublinhando uma “dificuldade crescente de inserção no mercado de trabalho”, numa profissão essencialmente liberal e que tem ainda escassa expressão no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Em Portugal há sete faculdades de Medicina Dentária que todos os anos colocam no mercado de trabalho entre 500 a 600 profissionais. “Com cerca de 10 mil médicos dentistas ativos e mais dois mil a exercer no estrangeiro, este número é claramente excessivo para as necessidades do país”, frisa Orlando Monteiro da Silva, lembrando que é importante para os candidatos ao Ensino Superior conhecerem a realidade de cada profissão.

A Ordem dos Médicos Dentistas insiste na necessidade de o Governo, em conjunto com as faculdades, reduzir o número de pessoas que ingressam nos cursos de Medicina Dentária, adequando-o à procura e às necessidades do país.

As faculdades devem também, segundo o bastonário, apostar mais na formação pós-graduada e especializada dos médicos dentistas e na formação de profissionais de outros países, que já é uma realidade. Aliás, o número de alunos estrangeiros representa já um quarto do total dos estudantes de Medicina Dentária em Portugal, havendo até já uma faculdade privada que tem mais estudantes estrangeiros do que portugueses. Esta situação é explicada pela Ordem com o reconhecimento internacional da qualidade do ensino da Medicina Dentária em Portugal, sendo que os estrangeiros que cá se formam acabam depois por regressar aos seus países de origem.

Com base no estudo “Números da Ordem” relativo a 2017, a Ordem dos Dentistas estima que a partir do próximo ano exista um médico dentista para menos de mil habitantes, quando as recomendações internacionais apontam para um dentista por cada dois mil habitantes.

Mas em termos regionais, a distribuição de dentistas em Portugal é bastante desigual. Em 2017, na área metropolitana do Porto havia um dentista por cada 760 habitantes, enquanto no Baixo Alentejo havia um médico dentista por 2901 habitante, sendo a região com menos profissionais.

Para a Ordem dos Dentistas, o excesso de profissionais está a “criar um flagelo na profissão” e o país não terá como os absorver.

Origem
Observador
Mostrar Mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao Topo