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Medicamentos por correio, consultas pelo telemóvel e renting de equipamentos hospitalares. Os novos serviços de saúde em tempo de pandemia

A pandemia da covid-19 está a fazer várias empresas adaptarem os seus serviços à crise, e a saúde não é excepção. Das grandes empresas às startups, muitos são aqueles que estão a ver nas circunstâncias atuais uma oportunidade de negócio. Recorrendo à inovação em tempos diferentes, o que tem mudado na área da saúde?

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto do novo coronavírus espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia. Com isto, tudo mudou. Mudou-se a forma como se levam os dias, o trabalho, as relações interpessoais. A própria área da saúde — desde o funcionamento de hospitais e clínicas aos laboratórios de análises — teve de olhar para o panorama atual e encontrar formas de conseguir chegar a todas as necessidades.

Mesmo ao nível de material de proteção individual e dos profissionais de saúde também foi preciso agir, uma vez que não existe quantidade suficiente para a procura que se faz sentir. Aqui, não são só as empresas que podem ajudar: até trabalho voluntário pode melhorar a situação.

Em Portugal não tem sido diferente. No nosso país, que conta já com mais de 32 mil pessoas infetadas e regista mais de 1.4oo mortes associadas à covid-19, também foi preciso perceber quais as transformações necessárias. Nesse sentido, são já várias as adaptações ou inovações que permitem enfrentar a pandemia com mais recursos.

Teleconsultas. Um médico à distância de um computador ou smartphone

De forma a garantir uma resposta cada vez mais eficaz às necessidades da população, numa época em que os hospitais são de evitar ao máximo, as consultas à distância — chamadas teleconsultas — são uma opção cada vez mais viável.

  • knok é uma startup que conecta médicos e pacientes em tempo real, reduzindo os tempos de espera.
    • Utilizando a app da knok, é possível entrar em contacto por vídeo com um médico que aconselhará sobre uma situação de doença aguda ou crónica.
    • No caso das crianças, se houver incerteza quanto a uma possível doença, um médico da knok poderá avaliar a situação e, caso seja necessária uma consulta presencial knok, deduzirá metade do preço da video-consulta a essa consulta.
    • Sendo doente crónico, o médico da knok poder também prescrever os medicamentos que considere necessários ou referenciar o doente a um especialista. A receita é enviada electronicamente.
  • Os hospitais CUF disponibilizam, desde de 24 de março, um serviço de teleconsulta com os médicos da sua rede, de norte a sul do país. As consultas são feitas através de videoconferência e estão disponíveis nas várias especialidades, “para todas as situações compatíveis com a prestação de cuidados de saúde à distância”.
    • Estão disponíveis as especialidades de Medicina Geral e Familiar, Medicina Interna e Pediatria.
    • A marcação de teleconsultas poderá realizar-se através do site, da app My CUF ou telefone, “canais através dos quais os clientes poderão consultar se o seu médico se encontra disponível nesta modalidade”.
    • Para ser possível realizar uma teleconsulta, os clientes devem assegurar que têm um dispositivo com câmara e microfone (smartphone, ‘tablet’ ou computador) e ligação à internet.
  • Também o Hospital da Luz tem a funcionar o Centro Clínico Digital, que permite ter consultas um médico à distância, além de registar dados e medições de saúde pessoais, como complemento da situação clínica de cada utente.
    • Para este serviço, é o médico que “decide se um doente pode ter acompanhamento clínico através de videoconsulta”, havendo disponível consulta da especialidade pretendida.
    • Contudo, o Hospital da Luz avisa que “o seguimento por videoconsulta não substitui o seguimento presencial”, podendo no entanto ser utilizado em caso de necessidade.
    • Para aceder à videoconsulta apenas é preciso ter registo na aplicação MY LUZ.

A nível nacional, esta não é uma novidade apenas fruto da Covid-19. Em 2019, mais de 30 mil teleconsultas foram realizadas no Serviço Nacional de Saúde. Este foi o ano que registou o número mais elevado, com um crescimento de 13,5% relativamente a 2018 e de 5,7% face a 2017.

Em média, foram realizadas diariamente, em 2019, mais de 80 teleconsultas (no total de 30.074), que permitem que o utente possa ser visto por um médico, através de um computador ou de um telemóvel.

De acordo com os dados dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), publicados no Portal do SNS, mais de 100.000 teleconsultas foram registadas no Serviço Nacional de Saúde desde 2016 até ao dia 31 de janeiro de 2020.

Das consultas aos testes em casa

AFerreira da Cunha Saúde, uma startup que disponibiliza serviços de saúde e bem-estar, permite “ter um profissional de saúde à porta”. Neste contexto, é necessária “uma triagem realizada por um profissional de saúde ou até mesmo pelo director clínico” , para que seja possível avaliar “se é uma situação hospitalar vs domicílio”.

  • Devido à situação atual, houve um acréscimo do número de pedidos de assistência ao domicilio, pedidos de informação acerca do panorama bioestatístico atual vivido, dos sintomas (e sinais) a ter em conta, mas também muitos pedidos de Telemedicina.
  • O serviço de “Check Up COVID-19″oferece um pack composto por consulta prévia online, análise à covid-19 com recolha ao domicílio e acompanhamento médico.
  • O utente recebe o resultado via email entre 24h a 48h. Caso seja positivo, o parceiro da startup que faz o teste remete imediatamente para a DGS a informação. A Autoridade Nacional de Saúde Regional faz acompanhamento e orientação do caso clínico.
  • Caso seja negativo, o utente não fica abandonado: é continuada a monitorização e são dadas as directrizes necessárias em caso de medidas de isolamento, quarentena ou outras situações. Se necessário, existe também acompanhamento psicológico disponível.
  • De forma a ajudar o maior número possível de pessoas, todos os valores destes serviços “estão a ser praticados aos preços mais baixos/competitivos,  de forma a contribuir para uma redução do impacto económico que esta crise pode ter na carteira do utente”.
  • A Ferreira da Cunha Saúde realiza “entre 1 a 3 triagens telefónicas por precaução dos profissionais e utentes”, atendendo pessoalmente “casos urgentes e classificados como ‘seguros'”.
  • Como proteção, “todos os profissionais vão com equipamento de protecção descartável de forma a não se tornarem vectores infecciosos”.
  • Todos os casos que chegam à equipa são acompanhados e monitorizados, sendo que o objectivo final é poder diminuir a afluência hospitalar, diminuir contactos e graus de exposição.

Laboratórios de análises. Públicos ou privados, agora importa o bem do país

Além das clínicas e hospitais, também os laboratórios de análises tiveram de se reinventar (ou adaptar) face ao surto de Covid-19. Nesse sentido, os laboratórios privados dispuseram-se a colaborar o máximo possível com as autoridades de saúde: a Associação Nacional de Laboratórios de Análises Clínicas (ANL) anunciou que disponibilizou ao Estado todos os recursos disponíveis para testes ao novo coronavírus.

  • A ANL colocou à disposição das entidades públicas, nomeadamente Direção-Geral da Saúde, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge ou Administrações Regionais de Saúde, “toda a capacidade existente por parte dos laboratórios de análises clínicas privados de Portugal”.
  • A decisão surgiu antes de a covid-19 ter sido considerada pandemia, uma vez que já tinha disponibilizado às entidades públicas responsáveis os recursos que os associados têm. No âmbito da parceria, a ANL informa essas entidades, diariamente, sobre as análises feitas pelos privados nas últimas 24 horas à covid-19.
  • Também diariamente, a ANL informa as entidades públicas da capacidade que os privados têm nas 72 horas a seguir para fazerem análises para detetar infeções com o novo coronavírus.
  • A Associação defende que, dada a situação, “não se devem categorizar os recursos existentes seja no público ou no privado, mas tão só, em recursos da Nação, sob gestão coordenada e centralizada nas entidades públicas competentes e para tanto se tem disponibilizado”.

Das farmácias até casa, os CTT ajudam a levar os medicamentos que fazem falta

Também ao nível dos medicamentos é necessário evitar as deslocações até às farmácias — mas ninguém pode ficar sem eles. Por isso, a Associação Nacional de Farmácias (ANF) e os Correios de Portugal (CTT) juntaram-se para lançar um novo serviço de entrega de medicamentos ao domicílio, em resposta à pandemia.

  • Um novo serviço farmacêutico postal permite aos cidadãos fazer encomendas às farmácias à distância, por ‘email’ ou telefone. Poderão ainda receber em casa os “medicamentos temporariamente indisponíveis na sua farmácia, sem necessitarem de uma segunda deslocação”.
    • A ANF e os CTT salientam que a iniciativa pretende “facilitar a quarentena dos portugueses”, evitando deslocações às farmácias para a compra de medicamentos.
    • A lista de farmácias aderentes e todos os contactos necessários para fazer as encomendas estão disponíveis nos sites das farmácias portuguesas e dos CTT.
    • Os CTT garantem a entrega no dia seguinte de todas as encomendas realizadas até às 16 horas.
    • O serviço está preparado para responder às receitas médicas, mas também a necessidades de outros medicamentos e produtos de saúde.
    • Os CTT estão “desde a primeira hora a implementar medidas de mitigação de contágio pelo novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, na sua rede de retalho e em todo o processo de tratamento e entrega de correio e encomendas”.

As farmácias disponibilizaram também um número geral, gratuito, para facilitar o processo de encomenda do que o cliente necessita.

  • Através do número 1400, o cliente pode indicar quais os produtos que quer, qual a farmácia onde pretende que seja feita a recolha e agendar.
  • Para os doentes crónicos ou com a imunidade comprometida, a entrega poderá ser feita em casa, pela farmácia. Para os restantes indivíduos, a forma de obter os seus produtos será um agendamento para recolha na farmácia, sem filas e com todo o conforto.
  • Esta linha telefónica pode também ser uma ajuda para encontrar medicamentos que o cliente não tem na sua farmácia habitual. Através do número, o operador indica onde o produto está disponível e pode agendar a recolha na farmácia ou a entrega em casa.

Renting na Saúde, para que os equipamentos hospitalares sejam realmente úteis

Dada a necessidade de equipamentos tecnológicos na área da saúde, o renting tornou-se uma possibilidade em tempos de pandemia. Com isto, o cliente paga mensalmente pelo uso do bem em causa, sem estar assim preocupado com outros encargos. A GRENKE é uma multinacional, presente há 12 anos no mercado nacional, que trabalha também com equipamentos da área da saúde.

  • O renting surge pela necessidade das pequenas e médias empresas (PME) fazerem investimentos em equipamentos tecnológicos sem se descapitalizarem. Para muitos líderes de PME, existe pouca disponibilidade no que toca aos recursos de gestão, humanos e financeiros.
  • Segundo a empresa, a pandemia veio demonstrar as fragilidades que existem no mercado da saúde, tanto em hospitais privados mas essencialmente nos públicos. “Foi notório que existe uma grande necessidade de investimento em equipamento de saúde tecnológicos”, uma vez que alguns aparelhos já estão desatualizados ou não dão a resposta pretendida.
  • Vantagens do Renting: as PME têm vantagens fiscais (as rendas são 100% dedutíveis como despesas operacionais); permite manter a liquidez e as linhas de crédito junto dos bancos intactas; é possível realizar investimentos a 100% sem entrada inicial e, com a GRENKE, o cliente tem acesso a rendas fixas que não sofrem alterações ao longo de todo contrato.
  • Na saúde, permite ainda que as instituições não fiquem paradas no tempo com equipamentos obsoletos. Através do renting têm a possibilidade de atualizar todos os seus equipamentos tecnológicos, oferecendo um serviço de melhor qualidade e otimizando o trabalho dos profissionais de saúde.
Origem
Sapo24
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