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Sede de empresa que faturou 16 milhões é um casebre sem água nem eletricidade

A empresa foi criada para emitir faturas falsa para uma empresa exportadora de ouro

A empresa “Pérolas em Movimento” faturou 16 milhões de euros a uma outra firma – a exportadora de ouro, Goldropa –, mas a sede era um pequeno casebre, situado no concelho de Mira, que não tem nem água nem luz há 20 anos. O Ministério Público acusou recentemente a Goldropa de fraude fiscal.

Apesar de nunca ter entregado qualquer declaração de IVA ou IRC, a “Pérolas em Movimento” terá emitido faturas no valor de 16.330.260 euros à empresa exportadora de ouro, avança o Jornal de Notícias. O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), acusa a Goldropa – com sede no Porto e instalações em Gondomar – de receber faturas falsas com o objetivo de reduzir os impostos a pagar ao Estado, conseguir reembolsos do IVA indevidos ou encobrir compras de ouro feitas sem recibo.

A Goldropa terá pedido a um ourives de Lisboa, Pedro Oliveira, que segundo a investigação das Finanças, criou três empresas que, entre 2011 e 2012, emitiram perto de 34 milhões de euros em faturas. A “Pérolas em Movimento” seria uma dessas empresas.

A casa utilizada como sede da empresa era um pequeno casebre, em Mira. O dono da casa, que é descrito ao Jornal de Notícias como um alcoólico, terá aceitado receber a correspondência da empresa em troca de 150 euros. “Esta casa não tem água, nem luz há pelo menos 20 anos. Viviam lá duas pessoas, mãe e filho, que já faleceram. Ela há bastante tempo e ele há cerca de dois anos. Nunca tiveram uma empresa de ouro”, conta o vizinho Rafael Silva, de 30 anos, ao jornal.

Para além dessa firma, Pedro Oliveira terá constituído outra empresa, chamada “Oxipartículas”, onde terá usado a documentação de uma cidadã brasileira para a registar e a sediar em Braga. A mulher, que Pedro Oliveira terá conhecido num bar, não tem qualquer património em Portugal e não apresentava declaração de rendimentos de IRS desde 2009. Esta empresa chegou a emitir 17 milhões de euros em faturas.

Pedro Oliveira foi obrigado a pagar uma caução de 400 mil euros para sair em liberdade, estando proibido de sair do país e de exercer qualquer atividade relacionada com o setor do ouro. A investigação do Fisco à Goldropa – que exportava ouro usado para Espanha, Itália e Bélgica – incidiu sobre o período entre 2009 e 2012.

Origem
Jornal i
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