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Vacina covid-19. Voluntária, gratuita – e não haverá nas farmácias

O governo anuncia nesta quinta-feira o plano nacional de vacinação contra a covid-19. Vai começar em janeiro e durar o ano todo. Irão chegar a Portugal 22 milhões de doses.

O processo de vacinação universal de todos os portugueses contra a covid-19 decorrerá integralmente nas infraestruturas do SNS: primeiro nos centros de saúde e depois noutras instalações, eventualmente até em hospitais de campanha e outras infraestruturas do género.

O plano será anunciado nesta quinta-feira. E a sede do Infarmed em Lisboa será o centro do universo. Para as 10.00 está convocada mais uma (a 13.ª) sessão de apresentação sobre a “Situação epidemiológica da covid-19 em Portugal”.

À tarde, no mesmo espaço, será apresentado o plano de vacinação nacional contra a covid-19. Haverá uma apresentação técnica e depois o plano será revelado pelo chefe do governo.

Nesta quarta, no Palácio da Ajuda, António Costa reuniu-se com a equipa que preparou o plano, coordenada pelo ex-secretário de Estado da Saúde (e ex-presidente do IPO) Francisco Ramos. Participaram, além da ministra da Saúde, os ministros de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, assim como o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Tiago Antunes.

Depois da reunião, a ministra da Saúde avisou, em declarações aos jornalistas, que “o processo [de vacinação] vai ser longo”, pelo que, enquanto não estiver concluído, é imperioso “não nos afastarmos” das normas de proteção sanitária em vigor (uso de máscara, distância social, disciplina respiratória).

As linhas gerais do plano foram reveladas por Luís Marques Mendes, no domingo, na SIC, tendo o DN confirmado que o essencial do plano é mesmo aquele que o conselheiro de Estado descortinou.

Início com “maior escassez”

A vacina será gratuita, universal e voluntária – e não haverá disponibilização pelas farmácias (como atualmente acontece com a vacina da gripe). Primeiro começará por ser providenciada a partir dos centros de saúde. Mas depois esse processo poderá ser alargado a outras instalações do SNS, porventura até provisórias (hospitais de campanha, por exemplo).

O início do processo, reconheceu Marta Temido, ocorrerá num “contexto de maior escassez”; mas depois surgirão “cenários de maior abrangência” – ou seja, o fluxo da oferta irá aumentando ao longo do ano.

Os idosos (começando pelos que estão em lares) estarão no topo das prioridades. Depois os profissionais dos lares, profissionais de saúde, profissionais das forças de segurança e agentes de proteção civil.

image Vacina covid-19. Voluntária, gratuita - e não haverá nas farmácias
Covid-19. Situação em 2 de dezembro de 2020.© DGS

Serão disponibilizadas ao longo do tempo seis marcas diferentes de vacinas: Pfizer (4,5 milhões de doses), AstraZeneca (6,9 milhões), Moderna (1,9), Johnson & Johnson (4,5), Curevac (4 milhões) e Sanofi-GSK (ainda não há números). As da Pfizer, Moderna e AstraZeneca irão implicar duas doses (com um intervalo de três a quatro semanas) e sobre a da Johnson & Johnson já se sabe que será de dose única.https://48b8ab40222513c44c7f4e6244d8a8ff.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

A distribuição está centralizada pela UE em Bruxelas – significando isso que Portugal começará a receber vacinas ao mesmo tempo que os restantes Estados membros. As vacinas da Pfizer, da AstraZeneca (Oxford) e da Moderna já estarão muito perto de ser validadas pela EMA (Agência Europeia de Medicamentos).

A da Pfizer foi nesta quarta-feira aprovada pelo “Infarmed” britânico, a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA, sigla em inglês), que assim se tornou a primeira autoridade sanitária ocidental a aprovar uma vacina contra a doença.

Militares coordenam distribuição

À semelhança do que vai acontecer em países como EUA, Reino Unido, Alemanha e Bélgica, também Portugal deverá ter as Forças Armadas a comandar a operação de distribuição.

O armazenamento deverá ser garantido pelo Infarmed, pois é a única entidade que tem capacidade logística com câmaras frigoríficas para estas vacinas.

A Proteção Civil terá também um papel a desempenhar no apoio, a nível das estruturas distritais e municipais, embora o plano ainda não esteja fechado a este nível.

Ao que o DN apurou junto a várias fontes que estão a acompanhar este processo, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, tem defendido que deve ser a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil a coordenar a megaoperação logística e de distribuição das vacinas, mas o seu homólogo da Defesa, João Cravinho, entende que deve ser o Estado-Maior-General das Forças Armadas a fazê-lo.

Cravinho tem lembrado o sucesso das várias operações, no âmbito do combate à pandemia, coordenadas pelo EMGFA, como é o caso das ações de formação a funcionários dos lares de terceira idade ou o apoio à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, na gestão das camas para doentes covid nos hospitais de Lisboa.

Portugal contabiliza pelo menos 4645 mortos associados à covid-19 em 303 846 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde.

Na sexta-feira o Parlamento deverá aprovar mais uma prorrogação quinzenal do estado de emergência. No sábado o governo anunciará as medidas de confinamento para o próximo mês – abrangendo portanto o Natal e o Ano Novo.

Origem
DN.pt
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