Política

Catarina Martins diz que houve “notícias falsas” no caso de Robles

A coordenadora do BE recordou, esta terça-feira, que toda a direção bloquista decidiu manter a confiança política no vereador Ricardo Robles, num primeiro momento, tendo "as circunstâncias" mostrado "muito difícil" a sua manutenção no cargo.

“A direção do BE manteve a sua inteira solidariedade com Ricardo Robles neste tempo todo”, declarou Catarina Martins à saída de uma audiência com o presidente da República, no Palácio de Belém, na qual esteve acompanhada pelo líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, e pelo vice-presidente da Assembleia da República José Manuel Pureza.

Catarina Martins sustentou que “as circunstâncias demonstraram que se tornava muito difícil” manter o exercício da função de vereador, e que “Ricardo Robles chegou ele próprio a essa conclusão, discutiu-a com a direção e a direção aceitou esse pedido de demissão”.

Num primeiro momento, disse, a seguir à publicação de notícias sobre um imóvel comprado por Ricardo Robles em Alfama, a direção analisou e considerou que, “embora a decisão anterior [de potencial venda do imóvel comprado antes por preço inferior] fosse uma decisão que contrariava” aquilo que o BE defende, Ricardo Robles “continuava a ter as condições para exercer o seu cargo de vereador”.

A coordenadora bloquista envolveu, assim, toda a direção nas diversas fases deste processo, que culminou com a renúncia de Robles, na segunda-feira, comunicada como tendo acontecido no domingo.

Na segunda-feira, o fundador do BE e ex-líder da UDP Luís Fazenda afirmou ao jornal “i” que seria necessário “tirar conclusões” de uma situação que é condenável do ponto de vista dos bloquistas.

Catarina Martins reiterou que, apesar de terem existido “notícias reais” sobre o imóvel comprado por Ricardo Robles, houve “notícias falsas”, relativamente às quais “nunca foram publicados os desmentidos, os direitos de resposta foram negados”, e que contribuíram para as circunstâncias que levaram à renúncia ao cargo de vereador.

“Quando se compreendeu que, face ao ruído criado, de mistura entre notícias verdadeiras, legítimas, de escrutínio dos titulares dos cargos políticos, e notícia falsas, com agendas políticas determinadas de ataque ao Bloco, se tornava difícil o esclarecimento do que precisava de ser esclarecido e as explicações que precisam de ser dadas face à perplexidade que a situação criou, o Ricardo fez também o que eu acho ser exemplar, protegeu o partido, pedindo a sua demissão”, disse.

Catarina Martins reiterou que, da análise inicial feita pela direção bloquista, pesou que Ricardo Robles não tivesse “cometido qualquer ilegalidade, não se tendo aproveitado de forma nenhuma do cargo que ocupava, e tendo tratado de forma ética todos os inquilinos do imóvel da família”.

“A solução que agora foi encontrada foi a necessária para proteger o que é essencial, manter a capacidade intervenção do BE, nomeadamente na luta pelo direito à habitação, que é muito importante no nosso país, que, está sob ataque, em que o BE tem tido um protagonismo que incomoda muitos interesses económicos”, afirmou.

A renúncia ao mandato de Ricardo Robles surge na sequência de uma notícia avançada na edição de sexta-feira do Jornal Económico segundo a qual, em 2014, o autarca adquiriu um prédio em Alfama por 347 mil euros, que foi reabilitado e posto à venda em 2017 avaliado em 5,7 milhões de euros.

De acordo com Ricardo Robles, aquela foi “uma opção privada, forçada por constrangimentos familiares” e “no respeito pelas regras legais”, para ultrapassar aquilo que se tornou “um problema político real” e que criou um enorme constrangimento à “intervenção como vereador”.

Origem
JN
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