Política

Europeias: Um debate “nacionalizado”, entre populismos e legados de Sócrates

A “nacionalização” ou não das europeias, os “legados trágicos” do PS e de José Sócrates e os riscos do crescimento da extrema-direita marcaram o primeiro debate televisivo para as europeias de 26 de maio, na quarta-feira.

O debate de uma hora e 50 minutos, na SIC e na SIC-Notícias, moderado por Bento Rodrigues, opôs os cabeças de lista dos seis partidos com representação no Parlamento Europeu: Pedro Marques (PS), Paulo Rangel (PSD), João Ferreira (PCP), Marisa Matias (BE) e Marinho e Pinto (Partido Democrático Republicano — PDR).

O candidato do CDS, Nuno Melo, tentou “colar” Pedro Marques a José Sócrates, e usou “tweets” e fotografias em que o ex-primeiro-ministro aparece ao lado do candidato socialista e do atual chefe do Governo, António Costa.

O “legado trágico” de Sócrates, afirmou Nuno Melo, “mede-se pelo peso da dívida e pelo sacrifício de muitas pessoas” ao longo dos anos, e valeu um sorriso de Pedro Marques.

Pelo PSD, Paulo Rangel contestou a ideia de António Costa de “nacionalizar” estas eleições, e recusou a ideia de tornar estas europeias uma espécie de “plebiscito cesarista ou bonapartista”.

Estas são eleições que Rangel qualificou de muito importantes para a Europa, tendo em conta problemas como o “Brexit”, a saída do Reino Unido, os populismos, a imigração ou o terrorismo e, a nível nacional, o baixo nível de investimento público, “a maior carga fiscal de sempre” e baixa execução de fundos comunitários.

Num debate muito ritmado, com perguntas e respostas curtas dos seis candidatos, que Marinho e Pinto qualificou de “telegráfico”, os temas sucederam-se, como o crescimento da extrema-direita.

À esquerda, os candidatos do PCP, BE e do PS admitiram que a explicação do crescimento da extrema-direita e do populismo na Europa se deve, também, a erros dos partidos do “bloco central” que governaram na União e não deram respostas cabais a problemas como a imigração.

Nuno Melo mantém o que disse à Lusa sobre o partido Vox, de Espanha, não ser de extrema-direita, acrescentou estar preocupado com a dualidade de critérios.

E confessou a sua preocupação com a extrema-esquerda, no caso o BE, que anda “na rua a cantar”, a pedir a morte de Jair Bolsonaro, “presidente eleito do Brasil”, como aconteceu no desfile do 25 de Abril, em Lisboa.

À esquerda, entre João Ferreira e Marisa Matias chegou a existir um momento de tensão, depois de o eurodeputado comunista reivindicar para o PCP um papel importante na “reversão” da retirada de direitos, por ter alvitrado um acordo à esquerda na noite das legislativas de 2015.

A candidata do BE anotou “esta obsessão” de João Ferreira quanto a si, e comentou que os bloquistas não se enganam “no opositor”.

Pelo PSD, Paulo Rangel apresentou-se como um candidato europeu de “um partido moderado”, e Nuno Melo reclamou para o CDS “a única escolha possível para quem é de direita”, nestas eleições.

Pedro Marques reclamou para o PS louros dos resultados da governação, com o apoio dos partidos de esquerda, como a quebra no desemprego ou a devolução de rendimentos aos portugueses, “mantendo contas [públicas] saudáveis”.

Marinho e Pinto, do PDR, apresentou, logo no seu minuto inicial, duas propostas, a fixação de um salário mínimo europeu e de uma pensão mínima, que não quantificou nem explicou.

O advogado também criticou PCP e BE por terem apoiado o Governo, “estes três anos e meio”, e de, em Estrasburgo, terem uma “retórica completamente diferente”.

De objetivos eleitorais, os dois candidatos, do PS e do PSD, não se comprometeram com fasquias, mas ambos querem ganhar.

Pedro Marques relativizou as sondagens que dão ao PS um empate técnico com o PSD, dizendo que estão à frente nas intenções de voto, e Paulo Rangel admite que ganhar “não é fácil”, “mas possível”, sendo mais taxativo ao dizer: “Vamos subir substancialmente”.

As eleições europeias em Portugal estão marcadas para 26 de maio.

Origem
SAPO24
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