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Ministro Pinho recebia 15 mil euros/mês do GES

Jornal Noticias

Ministério Público deteta transações de saco azul do Espírito Santo para osffshore no Panamá.

Manuel Pinho iniciou funções de ministro da Economia em março de 2005 e, a partir de outubro do ano seguinte, passou a acumular com as retribuições deste cargo público uma quantia mensal de 14 963,94 euros paga pelo Grupo Espírito Santo (GES). A informação de tais transferências, de um saco azul do GES para uma sociedade offshore de Manuel Pinho no Panamá, acaba de ser incorporada no inquérito-crime onde são investigadas decisões do ex-ministro que custaram ao Estado e valeram à EDP 1,2 mil milhões de euros, por via, entre outras, da sobrevalorização dos Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC). O Banco Espírito Santo (BES), recorde-se, detinha 3% da EDP.

Os pagamentos de quase 15 mil euros mensais feitos pela Espírito Santo Enterprises – que também é uma offshore, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, e costuma ser apresentada como saco azul do GES – totalizaram 1 032 511 de euros. Apesar de se ter demitido do Governo de José Sócrates em julho de 2009, Pinho continuou a receber a mesma mensalidade, através da offshore panamiana Tartaruga Foundation, até junho de 2012. No período em que foi ministro, recebeu 508 mil euros.

Para o novo passo da investigação ao caso EDP, que tem quase uma dezena de arguidos, muito contribuiu a documentação das transferências da ES Enterprises, que os titulares do Ministério Público receberam dos processos do “Universo Espírito Santo”, informou o jornal eletrónico “Observador”. Segundo este, o processo tem um despacho, de 11 de abril, em que os procuradores Carlos Casimiro e Hugo Neto afirmam que as referidas transferências foram feitas “por ordem de Ricardo Salgado”, ex-presidente do BES. Salgado deverá ser constituído arguido brevemente, por corrupção ativa, e Pinho já é arguido, por alegada corrupção passiva.

Antes de conhecidas as referidas transferências do GES, o Ministério Público sustentava de Pinho em favor da EDP tinha sido paga através da Universidade de Columbia. Porque, no ano letivo 2010/2011, Pinho foi professor naquela universidade norte-americana, no âmbito de um programa sobre energias renováveis patrocinado pela EDP, tendo recebido 110 mil euros pelas aulas dadas.

A investigação também já apurou que Pinho, que tinha sido administrador do GES antes de chegar a ministro, usou uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, a Blackwade Holding Limited, para comprar um apartamento em Nova Iorque, em 2010, por 1,2 milhões de dólares (cerca de um milhão de euros). Segundo o “Observador”, os investigadores consideram que aquela Blackwade controlava a Tartaruga, do Panamá, e suspeitam que o apartamento tenha sido pago com os dinheiros recebidos do saco azul do GES.

O semanário “Expresso” noticiou sábado que, segundo os autos do processo, Manuel Pinho é ainda beneficiário de outras duas sociedades offshore, a Masete 2 e a Mandalay Asset Corp.

Origem
JN
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