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Técnicos audiovisuais iluminam Terreiro do Paço por setor “desesperado”

A Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos (APSTE) vai realizar esta terça-feira, pelas 20h00, no Terreiro do Paço em Lisboa, uma ação pacífica, para chamar a atenção do Governo para um setor que se sente excluído dos mecanismos de apoio por causa da pandemia de Covid-19 e que se encontra “desesperado”.

Técnicos de som, técnicos de iluminação, técnicos de vídeo, ‘riggers’, ‘stagehands’. Alguns destes nomes são familiares outros nem por isso, mas, sem eles, seria difícil assistir a um concerto num festival ou numa sala de espetáculos, ou assistir um congresso empresarial ou tecnológico. Porém, quando se inicia a fase de retoma, com medidas nesse âmbito para os diversos setores, estes milhares de trabalhadores estão sem trabalho e sem apoio adequado.

Este é o entendimento da Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos (APSTE) e é por isso que esta terça-feira será realizado, em Lisboa, um ato simbólico, onde os profissionais irão fazer notar o seu descontentamento, usando os seus recursos técnicos – um ‘vídeo mapping’ reproduzido nas fachadas do Terreiro do Paço, com “imagens, vídeos e frases que refletem o estado de espírito do setor e que demonstram e sustentam o apagão económico que o mesmo está a sentir”.

“Queremos chamar a atenção dos nossos governantes para a situação caótica que as nossas empresas estão a viver. Não temos trabalho. Não é que estejamos impedidos [de trabalhar], mas de facto não há trabalho”, disse Pedro Magalhães, presidente da direção da APSTE, ao Notícias ao Minuto. A ação pretende demonstrar o “estado de espírito, a angústia, o desespero” que atravessa o setor.

Esta semana foram abertas as linhas de apoio do Ministério da Cultura às entidades artísticas profissionais, mas o setor técnico não é abrangido por esta medida. “O nosso setor não é um setor cultural. E, sejamos sinceros, nós não estamos à procura de dinheiro de apoio”, indicou o responsável, esclarecendo que o setor não está na fase de retoma. Esse apoio, refere, “obrigada as pessoas a trabalhar”. “E nós não temos trabalho”.

No entender de Pedro Magalhães, o regime de lay-off simplificado era o indicado para o setor, mas não é a única forma de poder ajudar. “As nossas empresas tem frotas muito grandes de viaturas, camiões, etc. Pedimos a suspensão do pagamento do Imposto Único de Circulação (IUC), que é muito pesado, e todas as nossas viaturas estão paradas desde março e deverão estar paradas até ao final do ano”, disse. “Tivemos uma audiência com a secretária de estado do Turismo e a resposta que tivemos foi que isso tinha a ver com fiscalidade e que na fiscalidade tinha sérias dúvidas de que se consiga fazer algo”.

A APSTE pede a atenção do Ministério da Economia, uma vez que o Ministério da Cultura não é opção. “O Ministério da Cultura não olha para nós. Quando algumas atividades [culturais] começarem a funcionar, indiretamente elas chegarão a nós, de alguma forma, mas não somos abrangidos pelo Ministério da Cultura”, disse.

“Quando houve aquele espetáculo no Campo Pequeno, nós fomos a esse espetáculo e interpelámos a senhora ministra. Pedimos uma audiência ali no local, frente a frente, disse-nos que ficássemos descansados que iríamos marcar. Já passaram largos meses e ela nunca se preocupou sequer com o nosso setor, nem em dizer olha não pode ser para agora, terá que ser mais tarde. Não houve um mínimo de preocupação”, acrescentou.

Pedro Magalhães relembra que os profissionais técnicos são importantes para a retoma. “Na crise de 2008/2011 nós fomos um dos setores muito importantes para a retoma do país nomeadamente na área do Turismo, porque o Turismo, até aqui, gerava milhões. No ano passado estávamos em sexto lugar na cidade mais requisitada para os grandes congressos, que eram feitos por nós”.

“As pessoas olham muito para o que tem mais visibilidade, como os hotéis, a restauração, e o nosso setor nunca aparece. Sem o nosso setor o turismo de negócios não existia, não existiriam empresas para dar resposta a estes grandes congressos”, terminou, relembrando a importância do turismo na retoma económica.

Sublinhe-se, esta terça-feira, o manifesto da APSTE irá acontecer em simultâneo com uma ação em Inglaterra – e noutros países – com o nome ‘Light in Red’, por parte das empresas de audiovisuais, que consistirá em iluminar a vermelho vários edifícios em diversas cidades.

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