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Tensão China-EUA aumenta com incidente entre dois navios

Washington acusa Pequim de abordar de forma perigosa um navio norte-americano perto das ilhas Spratly, no mar da China Meridional

O clima de tensão entre a China e os Estados Unidos continua a agravar-se. Na segunda--feira, as autoridades militares norte-americanas divulgaram a informação de que um navio chinês abordou de forma “insegura” uma embarcação da marinha americana quando esta navegava perto das disputadas ilhas Spratly, no mar da China Meridional.

Segundo Washington, o navio foi obrigado a realizar várias manobras para evitar a colisão. “O contratorpedeiro Luyang da República Popular da China aproximou-se do navio USS Decatur numa manobra insegura e pouco profissional nas proximidades de Gaven Reef, no mar da China Meridional”, disse o capitão Charles Brown, porta-voz da frota norte-americana do Pacífico, ao canal televisivo CNN. Além disso, realçou que as forças de Washington “vão continuar a voar, a navegar e a operar em qualquer lugar que a lei internacional permitir”.

Um ex-capitão da marinha dos EUA, Carl Schuster, que passou 12 anos no mar, advertiu para as consequências, tendo em conta que o encontro próximo entre os dois navios daria aos capitães apenas alguns segundos para reagirem a qualquer mudança de rota. O incidente poderia ter resultado na colisão entre os dois navios.

Em comunicado divulgado ontem, o porta-voz do Ministério da Defesa chinês disse que um navio da marinha da China identificou o USS Decatur e aconselhou-o a abandonar a área. Além disso, sublinhou que Pequim tem soberania indiscutível sobre todas as ilhas do mar da China Meridional e, por inerência, das suas águas.

A China acusa os Estados Unidos de ameaçarem a segurança chinesa e de destruírem as relações bilaterais, já que insistem em enviar navios de guerra para as águas que estão sob o controlo de Pequim.

 

Escalada de tensões

O episódio no mar da China Meridional foi apenas o mais recente da história da crise político-económica entre Pequim e Washington. No domingo, os EUA anunciaram que as negociações de segurança entre o secretário da Defesa norte-americano, Jim Mattis, e o seu homólogo chinês foram anuladas. Mattis cancelou a viagem com destino a Pequim, prevista para finais de outubro, na sequência da crescente disputa comercial e das divergências em relação ao programa nuclear da Coreia do Norte.

Também na semana passada, sobre o clima de tensão entre as duas potências, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, realçou que “a China e os EUA podem ter competição, mas não devem usar a mentalidade da Guerra Fria, não devem cair na armadilha de um jogo de soma zero”.

Dias antes, durante a reunião do Conselho de Segurança da ONU, o presidente norte-americano, Donald Trump, acusou a China de interferir no processo de eleições para o Congresso, a acontecer no próximo dia seis de novembro. “A China tem tentado interferir nas nossas próximas eleições. Contra a minha administração”, disse Trump, numa reunião formal onde o tema deveria centrar-se na proliferação de armas nucleares, químicas e biológicas.

Do lado da China não houve silêncio e Pequim garantiu que as acusações são falsas e injustificadas. “Não vamos interferir nos assuntos domésticos de qualquer país”, disse Wang Yi.

Ainda este mês, a bola passou para o lado da China, que cancelou as negociações comerciais com os Estados Unidos, assim como a viagem do vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, a Washington. As novas imposições dos EUA às tarifas alfandegárias sobre os produtos chineses, no valor de 200 mil milhões de dólares, trouxeram novas incertezas para as negociações norte-americanas e chinesas.

Origem
Jornal i
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