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200 mil impedidos de usar cartão de refeição no Lidl

Jornal Noticias

Cerca de 200 mil portugueses que recebem o subsídio de alimentação através do cartão Sodexo deixaram, desde meados de junho, de poder pagar compras nos supermercados Lidl com o referido cartão.

A notícia apanhou muitos clientes habituais de surpresa, que recorreram às redes sociais e ao Portal da Queixa para garantir que, assim, vão passar a fazer compras na concorrência. A Sodexo diz que o Lidl não quis integrar a rede de parceiros, o Lidl diz que “seria necessário um acordo que, por motivos comerciais, não foi alcançado”.

“Informamos que a cadeia de supermercados Lidl decidiu não participar na Rede de Parceiros Sodexo pelo que, a partir do próximo dia 12 de Junho, o cartão Sodexo Refeição Pass deixará de ser aceite nos seus estabelecimentos”, foi a mensagem enviada a alguns clientes do cartão, como revela Carlos Antunes, na página do Lidl Portugal no Facebook. Frustrado, entende que, com esta situação, “o subsídio de refeição fica refém de birras entre grupos privados”.

No Portal da Queixa, a situação já mereceu uma dúzia de reclamações. Maria Lopes diz que recebe o subsídio de alimentação, tal como o marido, num cartão Sodexo, num total de quase 400 euros. “Vejo-me forçada a ir fazer as compras a outro supermercado. Na empresa onde trabalho, que tem centenas de empregados, todos recebemos desta forma e todos comentámos que iremos passar a fazer as compras noutras cadeias. Ainda que tenham que pagar uma comissão mínima à empresa gestora dos cartões, compensará a perda de tantos clientes/receitas?”, questiona a cliente.

Nelson Lopes, diretor da Sodexo, esclareceu o JN, explicando que uma diretiva europeia obriga os cartões não bancários a funcionar numa rede fechada, o que implica “um acordo de adesão à rede, que o Lidl não quis assinar”. O responsável não esclareceu se os custos de aceitação desse meio de pagamento seriam mais desfavoráveis para o Lidl, nem a cadeia alemã quis especificar o motivo pelo qual não houve acordo.

“Não foi só o Lidl que não assinou”, esclareceu ainda Nelson Lopes. “Algumas lojas Intermarché, que são independentes ou franchisadas, também não quiseram pertencer à rede”, elucidou.

Segundo o Lidl, aquele foi o único cartão de refeição que deixou de ser aceite nas suas lojas em Portugal, mantendo-se os “parceiros Multibanco,Visa, Visa Electron,V-Pay,Mastercard,Mastercard Electronic,Maestro,Ticket Restaurant,Euroticket,Chèque Déjeuner”.

Em Portugal, estarão ativos cerca de um milhão de cartões de refeição. A maior fatia de mercado pertence à Edenred (dona da marca Euroticket), seguindo-se a Sodexo e a Ticket Restaurante com quotas equivalentes (cerca de 200 mil cada). Uma série de marcas próprias de bancos e alguns retalhistas (como a Sonae) emitem cartões próprios.

Apesar de os cartões de refeição significarem benefícios fiscais para os trabalhadores (isenta de impostos valores até 7,63€/dia), as empresas também beneficiam da dedução dos custos a 100% em sede de IRC. Por isso, não é geralmente dada ao trabalhador a escolha entre dinheiro ou cartão, cujo saldo só poderá ser utilizado em alimentos e, nalguns casos, nas próprias lojas do empregador. O subsídio de alimentação não é obrigatório por lei.

Origem
JN
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