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Caixa Geral de Depósitos denunciou Sócrates e motivou Operação Marquês

Foi a Caixa Geral de Depósitos que denunciou José Sócrates e motivou a Operação Marquês. Em causa estão transferências milionárias para a conta da mãe do ex-governante.

A investigação a José Sócrates, no âmbito da Operação Marquês, foi espoletada por um relatório enviado pela Caixa Geral de Depósitos à Polícia Judiciária, em 2013, avança, este sábado, o jornal “Expresso”, que consultou mais de 500 páginas inéditas que mostram como a investigação ao antigo primeiro-ministro começou.

O relatório em causa – que o semanário chama de “O capítulo oculto da Operação Marquês” – dava conta da existência de transferências suspeitas de Carlos Santos Silva, empresário e amigo de Sócrates, para a conta da mãe do ex-primeiro-ministro, Maria Adelaide Carvalho Monteiro, que, segundo a acusação, funcionou como uma “conta de passagem”.

De acordo com os documentos consultados (autos do processo relativos aos primórdios do caso), a Caixa Geral de Depósitos (CGD) denunciou José Sócrates à Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária, em abril de 2013, apontando um possível esquema que lhe teria valido mais de meio milhão de euros.

“Decidiu esta I.F. [Instituição Financeira] proceder à abertura do processo de investigação em nome de José Sócrates Carvalho Pinto Sousa em virtude de terem sido recebidas na sua conta à ordem com o NIB (…) diversas transferências de quantias elevadas”, refere o relatório produzido pela Caixa.

“Desconhecemos a racionalidade económica e financeira que está subjacente às transferências emitidas por Carlos Manuel Santos Silva, no valor de €600.000,00 para a conta de Maria Adelaide Carvalho Monteiro (funcionando esta como “conta de passagem”), a qual posteriormente transferiu de forma fraccionada, num período de cerca de seis meses, a quantia de €450.000,00 para a conta de José Sócrates Pinto Sousa”, refere ainda o documento.

Segundo o semanário, nem os arguidos do processo Operação Marquês nem os respetivos advogados tiveram acesso a estes autos, disponibilizados apenas este mês, depois de o juiz Ivo Rosa ter exigido que estivessem disponíveis a tempo do início das sessões planeadas para a fase de instrução, marcadas para segunda-feira, dia em que decorre o interrogatório da arguida Bárbara Vara, filha do ex-ministro socialista Armando Vara.​

José Sócrates, que chegou a estar em prisão preventiva durante dez meses e depois em prisão domiciliária, está acusado de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada.

Origem
JN
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