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DGS negoceia redução de sal e açúcar na charcutaria e nos lacticínios

A medida está inserida na Estratégia Integrada Para a Alimentação Saudável. Negociação está a incidir em vários alimentos, como cereais de pequeno-almoço, batatas fritas, molhos, queijos e fiambres.

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) está a negociar com a indústria alimentar a redução dos níveis de sal e de açúcar em vários produtos como o fiambre, batatas fritas, iogurtes e cereais de pequeno-almoço. A medida está inserida na Estratégia Integrada Para a Alimentação Saudável (EIPAS), lançada no ano passado e que envolve sete ministérios. A promoção de ambientes saudáveis e fazer com que a opção saudável seja a mais fácil são duas das oito áreas do projecto da Comissão Europeia para combater a obesidade infantil que envolve 33 países, entre os quais Portugal.

O secretário de Estado da Saúde, Fernando Araújo, já tinha dado conta no início do ano da intenção de negociar com a indústria a redução do açúcar, sal e gordura em vários alimentos. As negociações estão a decorrer, adianta ao PÚBLICO Pedro Graça, director do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da DGS, esperando que possam ficar concluídas este mês.

Segundo o responsável, a negociação está a incidir no “grupo do pão e cereais de pequeno-almoço, sopas prontas a consumir, batatas fritas e outros snacks, molhos, iogurtes e queijos, fiambres, sumos e refrigerantes”. É um trabalho de “negociação directa” com a Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA) e com a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), explica Pedro Graça. O objectivo é que possam ser feitas reduções progressivas, “nomeadamente até menos 10%, 20% de açúcar e sal no total em três anos”.

Plano europeu

Recentemente a comissão europeia publicou um relatório que faz um primeiro balanço das medidas que os 33 países europeus que participam no projecto estão a desenvolver no combate à obesidade infantil. O documento, disponibilizado no Portal do SNS, salienta que todos países têm em marcha várias acções. A maioria está relacionada com a promoção de ambientes saudáveis, especialmente nas escolas, e tornar as opções saudáveis as de escolha mais fácil.

Em 2010, ainda antes desde plano europeu que começou em 2014 e vai até 2020, Portugal deu os primeiros passos na reformulação alimentar com a redução de sal no pão. “Baixamos significativamente a quantidade de sal do nosso pão. As nossas padarias estão com uma quantidade de sal no pão que não ultrapassa 1,2 gramas por 100 gramas”, salienta Pedro Graça, referindo o novo protocolo em vigor desde o início do ano que quer chegar a 1 grama de sal por 100 gramas de pão. Também a criação do imposto sobre as bebidas açucaradas, que começou a ser aplicado no ano passado, mostrou resultados positivos.

Um estudo desenvolvido pelo Instituto Nacional Ricardo Jorge (Insa) com base nos dados recolhidos pelo 1.º Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico, mostrou que em 2015 perto de 39% da população adulta tinha excesso de peso e cerca de 29% sofria de obesidade. Nas crianças os níveis de excesso de peso e obesidade também são elevados, apesar de se ter conseguido uma redução nos últimos dez anos.

Não existem estudos em Portugal sobre o custo da obesidade. A título de exemplo, em 2009, os custos estimados do excesso de peso (pré-obesidade e obesidade) na Irlanda foram de 437 milhões de euros por ano, enquanto que na Alemanha foram de 16,7 milhões de euros por ano.

Origem
Publico
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