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Praga da batata. O inseto que ameaça as plantações de Portugal

O Ministério da Agricultura desenvolveu um plano de contingência para combater a possível entrada do organismo em território português.

A propagação da Tecia Solanívora – conhecida como a praga da traça da Guatemala ou praga da batata – está descontrolada em Espanha e a situação é de extrema gravidade. Após terem sido destruídas inúmeras plantações do tubérculo nas Astúrias, o último foco do inseto foi identificado no município de Muxia, na Galiza. As autoridades espanholas registaram também, no município de Ourense – que se encontra a 60 quilómetros da região do Minho, em Portugal –, a presença do inseto.

Ao todo, foram afetados 33 municípios espanhóis, destruídas mais de 400 toneladas de batatas infetadas e o governo autónomo da Galiza – Xunta da Galicia – já ajudou 1.323 agricultores.

As autoridades galegas não estão a conseguir controlar o inseto, que facilmente pode atravessar a fronteira através  da exportação dos tubérculos e da semente. A Espanha alertou assim toda a União Europeia que a praga está a dominar as plantações da batata na região da Galiza.

Portugal é o país que se encontra mais próximo da zona infestada e, por isso, o risco de contaminação é maior. Apesar de – até à data – ainda não existirem casos confirmados, a agricultura portuguesa pode estar ameaçada pela propagação da praga.

O Plano de Contigência, ao que o i teve acesso, divulgado pela Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), foi feito com o objetivo de dar informações sobre o inseto nocivo e “aumentar a probabilidade de uma deteção precoce dos organismos prejudiciais”.

O plano prevê ainda a instalação de uma rede de armadilhas com uma feromona sexual que atrai os insetos adultos, de modo a capturá-los.

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A DGAV esclarece que em 2016 foi criado um programa nacional de análise aos terrenos agrícolas, coordenado pela DGAV, e que envolve as Direções Regionais de Agricultura e Pesca (DRAP) do continente e as Direções Regionais de Agricultura das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores. “O objetivo é realizar inspeções fitossanitárias aos campos de cultivo de batata e respetivos armazéns do tubérculo”.

Sintomas

O inseto que ataca a batata em cultura ou armazenada causa graves problemas nos tubérculos. Os sintomas externos são muito discretos quer no momento de lavrar a terra, quer no processo de cultura. Começam a ficar mais visíveis quando a praga ainda se encontra em forma de larva, quando esta sai pelo orifício de 2-3mm – perto da fase de colheita. O principais estragos são a destruição de folhas, perfuração dos novos rebentos e das batatas já desenvolvidas.
As batatas perfuradas, quando colhidas, apresentam no exterior “excrementos expulsos pelas larvas com coloração esbranquiçada que evoluem para cor enegrecida”. Os casulos das larvas podem ser encontrados no solo, em caixas, sacos, nos cantos dos armazéns ou mesmo no interior dos tubérculos.

Vias de dispersão

A propagação natural  dos insetos por via aérea é limitada, uma vez que a praga não consegue percorrer grandes distâncias. No entanto, o movimento das batatas através da ação humana pode atingir proporções maiores, com a deslocação de batatas infetadas, ovos ou casulos nos sacos dos tubérculos.

A praga da batata foi identificada pela primeira vez em 1956, na Guatemala. Posteriormente surgiu na Costa Rica (em 1971) e só depois é que se espalhou pela América Central, até chegar à América do Sul.

A Tecia Solanívora também foi detetada no México (em 2010), com suspeitas de batatas contaminadas com origem na Guatemala.

Na Europa, a primeira identificação foi nas Ilhas Canárias (em 1999), estando a sua introdução relacionada com batatas ilegalmente transportadas de países contaminados.

Outras pragas registadas em Portugal

Psila africana

Este inseto destrói as plantas dos citrinos como laranjeiras e limoeiros. Apareceu na Europa, em 1994, na ilha de Porto Santo (Madeira).

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Nemátodo da madeira do pinheiro

O organismo afeta os pinheiros, prejudicando fortemente a floresta portuguesa, uma vez que causa a morte das árvores em apenas alguns meses.

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Vespa das galhas do castanheiro

O crescimento dos ramos e da frutificação dos castanheiro é posta é causa, podendo diminuir drasticamente a produção e a qualidade da castanha.

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Flavescência dourada

Apareceu na região do Douro em 1999, deixando as vinhas propícias à contaminação. O organismo afeta a videira e obriga ao arranque das cepas infetadas.

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*Editado por Ana Sá Lopes

Origem
Jornal I
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