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Quem são os novos turistas que chegam cada vez mais a Portugal?

Britânicos, espanhóis e alemães continuam a ser os que mais visitam o país, mas há cada vez mais turistas a chegar do outro lado do Atlântico.

O sol e a praia foram, durante muito tempo, dois aspetos que seduziram os turistas para Portugal. Mas aos poucos e poucos foram sendo descobertos outros recantos que têm atraído mais visitantes. Os britânicos continuam a ser a peça fundamental mas neste xadrez há outras peças em movimento.

De janeiro a julho, a hotelaria nacional recebeu mais de 7,2 milhões de hóspedes estrangeiros, quase 71 mil a mais do que nos primeiros sete meses de 2017, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Do Reino Unido – o principal emissor – chegaram à hotelaria em Portugal quase um milhão e 62 mil hóspedes britânicos. Um número que ajuda a perceber a dimensão que este mercado representa, apesar de, nos primeiros sete meses do ano terem ficado nos hotéis menos quase 81 mil britânicos.

De Espanha, França e Alemanha – três outros grandes mercados – houve também uma diminuição no número de hóspedes, ainda que de menor dimensão. Este comportamento pode ser explicado, pelo menos em parte, por um conjunto de fatores como a recuperação de mercados que concorrem diretamente com destinos nacionais, a falência das companhias aéreas (Monarch e Air Berlin), a desvalorização da libra e o Mundial de Futebol.

De janeiro a julho, a hotelaria nacional recebeu mais de 7,2 milhões de hóspedes estrangeiros

Do outro lado da moeda, estão três países que enviam para Portugal cada vez mais turistas: EUA, Canadá e Brasil. Até julho, cerca de 454 mil norte-americanos ficaram na hotelaria em Portugal, um crescimento superior a 84 mil pessoas em comparação com o mesmo período do ano passado. Sendo que, até julho deste ano, usufruíram da hotelaria mais americanos do que nos 12 meses do ano de 2013, de 2014 e de 2015. Do Brasil chegaram 553 mil hóspedes, mais de 57 mil que até julho de 2017. E do Canadá 148 mil, uma subida de mais de 23 mil pessoas. Os dados do Turismo de Portugal mostram que a TAP é a principal companhia aérea a fazer a ligação entre o Brasil e EUA e Portugal.

Segundo dados da transportadora, o número de passageiros americanos transportados em 2017 ascendeu a 729 mil, mais 257 mil do que em 2016. As ligações ao Brasil expandiram 14% em 2017 com a TAP a transportar 1,6 milhões de passageiros. Além disso, a empresa arrancou em 2016 com o programa Stopover, que permite aos passageiros, nomeadamente destes dois destinos, fazer uma escala de um e dois dias em Portugal. É também notória a expansão de mais 75 mil pessoas, para um total de mais de 1,2 milhões, do grupo que integra um conjunto de países de vários pontos do globo (outros, na denominação do INE). Da Irlanda e da Suécia chegaram igualmente mais hóspedes, mas com uma expansão menos expressiva.

“Sentimos que estamos a conseguir uma diversificação de mercados; estamos a chegar a mercados onde tradicionalmente não estávamos. Por exemplo, o mercado americano, o canadiano e o brasileiro. [Mercados] que nos trazem uma grande capacidade de captação de investimento. O turismo também está a servir um bocadinho como cartão de visita para verem Portugal como uma oportunidade para investimento”, sublinhou Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo.

Reino Unido e o resorts

Apesar da subida do número de hóspedes de mercados que têm uma expressão pequena – quando comparada com o mercado britânico – o retrato das dormidas, elemento fulcral para o setor, conta uma história diferente.

As dormidas superaram o patamar dos 23,2 milhões até julho, o que representa uma queda de quase 369 mil. Também aqui o peso do mercado britânico é visível: houve menos 475 mil dormidas nos primeiros sete meses de 2018 que em igual período do ano passado. Embora as dormidas de mercados como o americano, brasileiro e canadiano estejam a subir, a verdade é que não são suficientes para compensar a quebra dos principais emissores. Porquê? A chave está no perfil do turista. Para os que atravessam o oceano a estadia é, geralmente, mais pequena.

“O americano quando viaja para a Europa não é para vir passar 15 dias de férias num resort. Vem jogar golfe ou vem visitar cidades europeias com história, ou cidades com dimensão e que tenham um relacionamento com as origens dos seus antepassados”, explica Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA). “Os ingleses é o oposto: vêm para o Algarve, ou para destinos como o Algarve, designadamente com as famílias. A motivação principal é o clima ameno. As pessoas passam uma semana ou duas de férias nas praias e piscinas”.

Ana Laranjeiro é jornalista do Dinheiro Vivo

Origem
DN
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