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Ronaldo. Real e Juve já sentem no bolso os efeitos da mudança

O CR7 ainda não marcou em Itália, mas os dirigentes da Juventus continuam a ter motivos para sorrir: a presença do português na equipa quase dobrou o número de espetadores na bancada em relação à primeira jornada caseira da última temporada

Ao segundo jogo oficial pela Juventus, Cristiano Ronaldo continua em branco. O astro português voltou a não conseguir faturar no encontro deste sábado com a Lazio (2-0), tendo mesmo falhado a bola no que seria um golo fácil, à boca da baliza, e que acabou por ser emendado por Mandzukic para o segundo tento da vecchia signora.

O efeito CR7, porém, fez-se sentir ainda assim, tal como já havia acontecido na primeira jornada. Segundo dados disponibilizados pelo jornal italiano “Tuttosport”, um total de 40 173 adeptos esteve presente no Estádio Juventus, o que garante um encaixe de bilheteira de mais de 2,7 milhões de euros à Juve (2 704 173, para ser exato). Um valor impressionante, e que ganha ainda mais dimensão quando comparado com o arranque da Juventus na temporada passada: a receção ao Cagliari “ficou-se” pela casa dos 1,8 milhões (1 821 163). Ou seja, menos 48 por cento de espetadores.

Na primeira jornada, na deslocação da Juve ao terreno do Chievo, foi o conjunto de Verona que saiu a ganhar – apesar do desaire por 3-2, consumado com um golo de Bernardeschi aos 90’+3’. Os números oficiais revelam que o modesto emblema italiano bateu recordes de bilheteira nesse encontro, com praticamente 30 mil pessoas nas bancadas, conseguindo uma receita de mais de um milhão de euros. Dos quase 30 mil, 135 eram profissionais do setor da comunicação, oriundos dos mais diversos países, e muitos mais pedidos de acreditação foram recusados por falta de espaço no Estádio Marc Antonio Bentegodi.

Nesse encontro, de resto, foram adotadas medidas extraordinárias de segurança, com uma unidade antiterrorismo deslocada para a cidade e mais de 100 polícias nos arredores do estádio.

os golos e o ketchup Em contraciclo está… o Real Madrid, pois claro. Se a Juventus bate todos os recordes de bilheteira pela positiva, os merengues vão-se ressentindo da saída do internacional português. Em 2017/18, no pontapé de saída na liga espanhola, frente ao Valencia, o Santiago Bernabéu registou uma assistência de 65 mil espetadores; esta época, o Real Madrid-Getafe não passou dos 48 500.

E não é só nas bancadas que se refletem as saudades por Ronaldo. O Real até está a ganhar no campeonato (este domingo foi ao terreno do Girona vencer por 4-1, depois do 2-0 na primeira jornada), parecendo ter posto já para trás das costas a derrota na Supertaça europeia frente ao vizinho e rival Atlético de Madrid (2-4 após prolongamento), mas as conversas entre os jornalistas e os jogadores merengues vão todas dar… ao português. E ninguém esconde as saudades do melhor marcador da história do clube. “Cristiano Ronaldo é o melhor do mundo. É claro que sentimos falta de Ronaldo, mas Bale e Benzema também são muito bons”, disse Marcelo à imprensa, após o jogo na Catalunha. “Este ano a chave é jogar como equipa”, realçou Casemiro.

Claro que há sempre o reverso da medalha: Ronaldo ainda não marcou pela Juventus, apesar das muitas tentativas nos dois encontros já realizados, e aqui e ali já chegam as primeiras críticas – ainda tímidas, mesmo assim. Mas também há elogios e vozes sensatas como a de Cesare Prandelli, ex-selecionador italiano. “Do ponto de vista tático oferece muitas alternativas à equipa, tem um carisma extraordinário e não é por acaso que outros jogadores da Juventus estão a marcar golos neste início de época: os adversários estão focados no Cristiano”, realçou o técnico, em declarações ao programa “Anch’io Lo Sport” da emissora italiana RAI.

Prandelli, de resto, não escondeu o entusiasmo por ver em Itália o homem que custou 100 milhões de euros aos cofres do heptacampeão italiano. “Sempre tive curiosidade para ouvir Allegri falar de CR7. No entanto, julgo que deve ser fácil treiná-lo porque é um exemplo de profissionalismo e seriedade, é uma referência. Com a experiência de Allegri, Ronaldo atingirá um grande nível“, perspetivou.

Por agora, o golo ainda não surgiu. Atendendo às palavras do próprio Ronaldo em 2010, ao serviço da Seleção nacional, tal não deverá constituir grande preocupação para os adeptos da Juventus: “Os golos são como o ketchup: quando aparece, aparece tudo de uma vez!” Até à profecia se concretizar, o CR7 continuará a reinar “apenas” noutro campo: o das receitas de bilheteira. E a Juventus agradece da mesma forma.

Origem
Jornal i
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