Sociedade

Gorila. Os segredos de uma pastilha que anda há décadas na boca dos portugueses

A Lusiteca – empresa onde se fabricam as pastilhas Gorila – comemora 50 anos e o i conta, passo a passo, como são produzidas as famosas goluseimas. A empresa garante que o sucesso deve-se à receita caseira, que ao longo dos anos se foi adaptando às exigências dos mercados e do consumidor

Nos arredores da cidade de Lisboa há um edifício que não passa despercebido pelo colorido logótipo virado para a estrada: um gorila castanho, rodeado por um fundo amarelo, também conhecido como a mascote que dá nome a uma das pastilhas elásticas mais populares em território nacional: a Gorila. É na Rua das Vagens, em Mem Martins, que se localiza a Lusiteca – a fábrica onde são produzidas as guloseimas – e o i foi conhecer cada passo do fabrico, para revelar o segredo que adoça o paladar dos portugueses há meio século.

Ao entrar nas instalações da Lusiteca e antes de chegar às máquinas de produção, é preciso percorrer um pequeno caminho que fica na memória dos visitantes pelo aroma a pastilha elástica (ou por vezes a caramelo, dependendo do que está a ser confecionado no momento), algo a que os 150 trabalhadores da empresa já estão habituados; por questões de higiene, todas as portas abrem automaticamente através sensores, de modo a que nenhum dos funcionários suje as mãos; há milhares de caixas embaladas com o símbolo do gorila, prontas para sair da fábrica a qualquer momento; e o ritmo do som produzido pelas máquinas, que ecoa por todos os corredores, assemelha-se a uma fábrica de qualquer outro setor.

Como são feitas as pastilhas?

A zona de fabrico é uma ampla divisão que está separada por várias fases. Jorge Esteves, diretor industrial da Lusiteca, explica que tudo começa com a mistura do xarope de glucose e da goma, numa máquina chamada amassadora. A este preparo junta-se também o açúcar em pó e a essência que irá então dar o sabor à pastilha elástica. Durante 15 minutos, é a amassadora que faz o trabalho sozinha.

Ao fim desse tempo, explica o diretor industrial, a massa fica a cerca de 60oC e precisa de arrefecer antes do processo continuar. Para acelerar o processo há uma longa mesa, com tubos de refrigeração no interior, para onde é transportado o preparado em pequenas porções. Quando as fatias de pastilha chegam perto dos 40oC, são colocadas, aos poucos, numa extrusora – a máquina que vai formar um cordão de pastilha perfeitamente homogéneo.

Ao mesmo tempo que é formado o cordão, este vai entrando num túnel de ar frio com cerca de 60 metros de comprimento distribuídos por vários andares, para que a massa atinja uma temperatura ainda mais baixa. Nesta fase é possível ver a pastilha quase pronta: falta apenas ser cortada e embalada.

De seguida, é a vez das máquinas de corte e de envolvimento das pastilhas trabalharem nos últimos passos. Aqui a mão humana apenas interfere nas caixas de cartolina, onde são colocadas 100 unidades em cada embalagem. Seguem para um tapete rolante, até chegarem a um sistema onde é colocada a etiqueta com lote e validade e o último passo é compor caixas maiores com 12 embalagens, cada uma com 100 pastilhas.

 

A Evolução de um ícone

A Lusiteca nasceu no dia 15 de janeiro de 1968, pela vontade de três empresários portugueses. O objetivo foi criar uma indústria para empacotamento de géneros alimentares, de modo a responder às necessidades daquela época, em que começaram a surgir os primeiros supermercados nacionais.

Segundo a empresa, “com o passar do tempo e fruto do aumento da exigência dos mercados, as fábricas dos mais diversos produtos começaram a incorporar, na sua estrutura, áreas próprias para o embalamento”, o que levou a Lusiteca a ter de diversificar a sua atividade. Assim, o passo seguinte foi fabricar “rebuçados de fruta, também chamados de populares ou de tostão (dez centavos)”, que “muitas das vezes eram usados para suprimir a falta de trocos que havia no mercado”. Rebuçados de mentol e caramelos de fruta são outros dos produtos pelos quais a empresa começou a ganhar destaque no setor. Mas foi o ano de 1975 que marcou a história da empresa – quando nasceu a pastilha elástica Gorila.

A primeira Gorila produzida foi de tutti frutti, mas a empresa garante que o sabor mais é consumido em Portugal é o de mentol. As preferências variam no entanto “de país para país”.

Devido à exigência dos mercados e dos consumidores, a empresa já alterou a receita da pastilha elástica ao longo dos anos, deixando as Gorila com uma textura mais macia.

Atualmente, por dia, são produzidas 180 mil pastilhas elásticas. A marca portuguesa continua a lançar as coleções de cromos – o papel que acompanha a pastilha –, como por exemplo a nova coleção que acompanha as gomas de mascar neste momento, constituída por 60 “Gorilojis”, uma alusão aos famosos bonecos que invadiram o mundo virtual.

Origem
Jornal i
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