Sociedade

O que desmotiva os trabalhadores portugueses… segundo os chefes

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Um inquérito a duas centenas de gestores nacionais mostra a perspetiva “de cima” sobre a origem da desmotivação dos trabalhadores

PAULO MIGUEL GODINHO

Um trabalhador é exposto diariamente a diversas fontes e formas de quebra na motivação. E a falta de clareza estratégica na empresa é o principal gatilho, na opinião de 70% dos 208 gestores portugueses inquiridos no estudo realizado pela QSP, uma consultora de marketing.

Mas a lista continua. No leque dos desencadeadores da desmotivação laboral contam-se ainda a falta de objetivos e salários desajustados, aos quais se juntam a indefinição de funções e a sobrecarga de trabalho.

A motivação dos trabalhadores também depende do modelo de liderança dos decisores e espelha-se no envolvimento das equipas no cumprimento das tarefas e dos objetivos da empresa.

Ainda que os gestores, na sua generalidade, descrevam a sua liderança como próxima e democrática, o estudo mostra que 31% não consideram que os trabalhadores estão envolvidos nos seus projetos. O número sobe para os 71% quando se fala na falta de conhecimento dos trabalhadores em relação às dificuldades inerentes a um cargo de liderança.

A investigação procurou perceber o valor que os gestores atribuem às questões da inteligência emocional e comunicação no seio das suas empresas. A grande maioria dos “chefes” – 99,5% – concorda com a importância destes pontos, mas esta é uma posição que não se reflete em termos práticos: em 2017, apenas cerca de um terço apostou na formação nestas áreas.

“A utilização da inteligência emocional aprende-se e treina-se com formação e pode ser decisiva para orientar o pensamento e o comportamento e ainda para gerir e ajustar emoções ao ambiente que nos rodeia ou para atingir determinados objetivos”, refere Rui Ribeiro, CEO da QSP.

Os resultados do estudo permitem ainda verificar que 98% dos dentetores de cargos de topo nas empresas comunicam preferencialmentre através de e-mail embora recorram a outras alternativas como as plantaformas de messaging, os SMS, a intranet e as redes sociais. No entanto, mais de metade (57%) considera que a quantidade de e-mails que recebe diariamente é exagerada. Cerca de um quinto dos inquiridos afirmou ocupar entre 51 a 70% do seu dia a ler e-mails. Ora, num horário de trabalho normal – 8 horas diárias – um gestor dedica entre 4 a 5 horas e meia, aproximadamente, à leitura de correio eletrónico.

Ainda assim, as decisões de maior relevo continuam a ser comunicadas pessoalmente, pelo menos para 88% das empresas envolvidas neste estudo, representadas pelos seus decisores.

A maioria dos líderes das empresas parece estar alinhada quanto às expetativas em relação do futuro. Conscientes da necessária reconfiguração de funções e criação de novos empregos em virtude dos avanços da tecnologia, poucos acreditam que isso tenha efeito na manutenção dos postos de trabalho já existentes.

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