Sociedade

QUANDO O TURISMO É UM PROBLEMA: LUGARES QUE ESTÃO A LIMITAR A PRESENÇA DE VISITANTES

No Dia Mundial do Turismo, que se assinala a 27 de setembro, descubra lugares que estão a ficar prejudicados pelo excesso de visitantes.

O turismo pode trazer vários benefícios, mas o excesso torna-se prejudicial. São ilhas, reservas naturais, regiões, cidades e até países. Quer seja por saturação ou prevenção, as autoridades querem controlar o número de visitantes. Descubra quais são a seguir.

Praias do sudeste asiático

Já são vários os casos de ilhas e praias da Tailândia que encerram aos turistas para recuperar o ecossistema marinho, muito prejudicado pelo excesso de pessoas e barcos. A mais emblemática praia a ter anunciado o encerramento aos visitantes de junho a setembro de 2018 foi Maya Bay, a enseada tailandesa que ficou conhecida por ter sido o local de filmagens do filme “A praia”.

Nas Filipinas, a turística ilha de Boracaytambém encerrou as visitas durante seis meses devido à poluição das águas. Na Indonésia já estão em cima da mesa medidas de proteção da vida marinha em risco por causa do excesso de pessoas, o que representa um aumento do lixo no mar.

Santorini, Grécia

Uma das ilhas mais famosas da Grécia limitou a chegada de turistas nos navios de cruzeiro para 8 mil por dia, face aos 10 mil que desembarcavam na ilha durante a época alta, entre maio e setembro. E até os famosos burros de Santorini estão a ser prejudicados pelo excesso de visitantes. Instituições de proteção dos animais afirmaram que os burros estão a sofrer lesões e ferimentos graves por transportarem pessoas e malas acima do peso.

Amesterdão, Holanda

Com uma população de 800 mil habitantes e uma média de 5 milhões de visitantes por ano, a capital holandesa está a tentar travar o fluxo de turistas que invadem a cidade, provocando barulho, confusão e degradação do património. Este ano, entrou em vigor um pacote de medidas que fazem parte de um plano da autarquia para tentar reduzir o excesso de turistas nas zonas históricas da cidade e equilibrar a balança entre habitantes locais e visitantes. Uma delas impõe uma série de regras aos grupos de turistas que visitem o conhecido Red Light District.

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Veneza, Itália

Uma das cidades mais belas e visitadas do mundo, Veneza está a assistir uma fuga dos seus habitantes locais. Estima-se que até 2030 a população local possa desparecer. Para que isso não aconteça a associação Italia Nostra pediu ao governo que os navios de cruzeiros fossem proibidos no porto da cidade. Nos últimos 15 anos o tráfego de cruzeiros quintuplicou em Veneza.

Os navios de cruzeiro são um dos maiores problemas uma vez que descarregam todos os dias milhares de pessoas na cidade. Em novembro de 2017, foi aprovada uma lei que proíbe, a partir de 2021, a passagem de cruzeiros com mais de 55 mil toneladas pela Praça de São Marcos. Os cruzeiros vão passar a atracar em Marghera, mais longe dos canais de Veneza.

Este ano, cidade proibiu a circulação de barcos de recreio no Grande Canal de forma a melhorar o tráfego excessivo e colocou torniquetes que controlam o acesso de pessoas às zonas mais movimentadas do centro histórico. A cidade tem, atualmente, 55 mil residentes e recebe mais de 70 mil visitantes por dia.

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Turistas em Veneza com acessos controlados a certas zonas da cidade créditos: AFP

Dubrovnik, Croácia

A “pérola do Adriático” viu a sua popularidade crescer de ano para ano desde o início da famosa série de televisão “A Guerra dos Tronos”. Até que em agosto de 2017, o número de visitantes diários à cidade medieval bateu um recorde assustador: 10.500.

A vida pode ficar mais difícil para quem quer conhecer o cenário real de King’s Landing, uma vez que o novo presidente da Câmara quer limitar o número diário de turistas para 4 mil. No plano, que deverá ser implementado nos próximos dois anos, uma das medidas cruciais é impedir a chegada de cruzeiros ao porto de Dubrovnik. Num só dia, estes barcos são responsáveis por trazer cerca de 7 mil pessoas à cidade.

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Barcelona, Espanha

A cidade de Barcelona está a pensar em medidas para evitar a saturação turística, que podem passar por limitar o número de visitantes à cidade, por exemplo, cobrando uma taxa extra aos que só ficam um dia (sem pernoitar) em Barcelona, e equilibrar os interesses entre o setor do turismo e os residentes locais.

Os habitantes da cidade já afirmaram que o excesso de turismo é o principal problema de Barcelona, à frente do desemprego. Várias manifestações contra turistas têm acontecido na cidade. Este verão ficou marcado pelo descontentamento dos moradores do bairro de Barceloneta que denunciaram a falta de civismo dos turistas que por ali passaram.

Noruega

A Noruega tem atraído a atenção de cada vez mais viajantes, principalmente daqueles que procuram explorar a natureza selvagem do país. No entanto, as autoridades estão preocupadas com o excesso de turistas que se aventuram em caminhadas pelas escarpas para chegar aos famosos pontos Preikestolen (Púlpito) e Trolltunga (Língua do Troll), uma vez que são trilhos perigosos, cujo percurso tem originado mais acidentes. A Associação Norueguesa de Turismo já pediu novas leis para limitar o acesso a estes locais.

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O “Púlpito” na Noruega créditos: Pixabay

Zion National Park, Estados Unidos

O parque nacional de Zion, no Utah, recebe cerca de 4 milhões de visitantes por ano, mas este cenário pode mudar em breve. Preocupados com a erosão das paisagens naturais do local, as autoridades querem limitar o número de visitantes diários, bem como o acesso aos sítios mais conhecidos, como Zion-Mount Carmel Highway, a estrada que corta o parque, The Narrows, uma parte do canyon que corta o rio Virgin ou Angels Landing, uma formação rochosa da qual se tem uma vista espetacular sobre os desfiladeiros de Zion.

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Os desfiladeiros “The Narrows” créditos: Pixabay

Butão

Este reino budista cravado entre os Himalaias prima por ter poucos mas bons turistas. Ou seja, tirando os cidadãos da Índia, Maldivas ou Bangladesh, todos os outros que queriam entrar no reino precisam de um visto e de comprar a viagem através de um operador turístico oficial. Além disso, os visitantes devem pagar com antecedência uma parte da viagem.

O excesso de visitantes por ano, que já começa a ultrapassar o número da população do país, preocupa as entidades ligadas ao setor do turismo, que estão a estudar formas para limitar o acesso às atrações naturais mais famosas da “terra do fogo e do gelo”.

Galápagos, Equador

Este arquipélago de 19 ilhas é conhecido pela variedade de vida selvagem. As Galápagos inspiraram Darwin para escrever a teoria da evolução. O excesso de turistas e residentes fez com que a ONU declarasse, em 2007, que o arquipélago estava em perigo, tendo retirado o aviso em 2010. Atualmente, 97% destas ilhas são uma reserva natural e a visita de turistas é muito controlada.

O fluxo de turistas aumentou até alcançar 245.000 visitantes por ano. O número é o máximo que as ilhas podem suportar, sem prejuízo aos ecossistemas, e pode transformar-se numa situação regular.

Machu Picchu, Peru

A cidade Inca do século XV que encanta viajantes do mundo todo vai ter de limitar o número de turistas para assegurar a conservação daquele que é um dos locais mais procurados do Peru. O excesso de visitantes – quase 3 milhões por ano – fez com que as Nações Unidas colocassem Machu Picchu na lista de locais em risco. Até 2019, o acesso à cidadela Inca deve ser limitado e mais fiscalizado.

Lord Howe Island, Austrália

Uma ilha que representa um dos últimos locais intocados no planeta. Integra a lista de património mundial da Unesco desde 1982 pelas excepcionais fauna, flora e vida marinha. Cerca de 75% da vegetação que cobre a ilha permanece virgem. Só são permitidos 400 turistas a vez neste paraíso protegido.

Cinque Terre, Itália

Vilas que se debruçam sobre o Mediterrâneo na Riviera Ligure compõem o cenário único de Cinque Terre, fazendo desta umas principais atrações turísticas italianas. As autoridades querem limitar o número de visitantes a esta região, tentando reduzir de 2,5 milhões de pessoas por ano para 1,5 milhão.

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Cinque Terre créditos: Pixabay

Antártica

Desde 2009 que o acesso de visitantes ao Polo Sul começou a ser mais controlado, com limites para os navios de cruzeiro e para o desembarque de passageiros. Hoje em dia, quem deseja conhecer o reino de gelo da Antártica tem que viajar em expedições turísticas previamente organizadas, que são sempre controladas pelas autoridades.

Seychelles

O país insular localizado no Oceano Índico quer limitar o número de visitantes anuais para proteger as 115 ilhas que compõem o arquipélago.

Monte Everest, Nepal

Visitar e escalar a montanha mais alta do mundo é o sonho de muitos aventureiros. Se, por um lado, cada vez mais alpinistas tentam chegar ao topo do Everest, por outro lado, as autoridades do Nepal querem controlar o acesso à montanha. Em 2015, foram impostas novas medidas, como uma taxa mais elevada aos alpinistas estrangeiros (de 10 para 11 mil dólares), bem como uma verificação da experiência e estado de saúde dos alpinistas.

*Artigo atualizado a 27 de setembro de 2018 com mais informações

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Sapo
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