Sociedade

Atelier-Museu expõe desenhos criados na prisão por Júlio Pomar

A exposição é o resultado do projeto vencedor do Prémio de Curadoria Atelier-Museu Júlio Pomar 2018-19. Inclui as obras realizadas no Forte de Caxias, onde o artista esteve preso durante a ditadura.

A exposição coletiva “Muitas vezes marquei encontro comigo próprio no ponto zero”, da curadora Marta Rema, que inclui desenhos criados por Júlio Pomar (1926—2018), na prisão do Forte de Caxias, é inaugurada esta quinta-feira, em Lisboa.

A mostra é a concretização do projeto vencedor da terceira edição do Prémio de Curadoria Atelier Museu Júlio Pomar 2018-19, e é inaugurada às 18h, ficando patente até 14 de abril, segundo um comunicado do Atelier-Museu Júlio Pomar.

Inclui obras de Júlio Pomar, de quem são mostrados os desenhos da prisão, realizados no Forte de Caxias, onde o artista esteve preso, durante a ditadura, de 27 de abril a 26 de agosto de 1947.

A coletiva conta com obras dos artistas Ana Pérez-Quiroga, Ana Pissarra, Cecília Costa, Fernando Calhau, Helena Almeida, João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira, João Maria de Gusmão e Pedro Paiva, Jorge Molder, Josefa d’Óbidos, Luísa Cunha, Paulo Lisboa, Pedro Vaz, Raul Domingues, Ricardo Jacinto, Rui Chafes, Sandro Resende, Sara & André.

“Muitas vezes marquei encontro comigo próprio no ponto zero” reúne trabalhos que abordam o desejo de pensar o silêncio nas suas múltiplas dimensões: corporal, artística, visual, temporal, política, real e imaginária.

O projeto, resultado do prémio de curadoria atribuído por esta instituição e pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural de Lisboa (EGEAC), teve como júri a diretora do Atelier-Museu Júlio Pomar, Sara Antónia Matos, a curadora independente Luiza Teixeira de Freitas, e o subdiretor do Museu Nacional – Centro de Arte Rainha Sofia, de Madrid, João Fernandes.

Este projeto “procura refletir sobre a forma e o lugar do silêncio no mundo, tendo em conta que aparentemente este se tem tornado cada vez mais ruidoso”, na descrição do Atelier-Museu.

O título da exposição toma de empréstimo uma frase de Júlio Pomar, retirada de um capítulo do seu livro “Da Cegueira dos Pintores”, intitulado “Pisar o mesmo caminho”.

Nascida em Torres Novas, em 1976, Marta Rema é licenciada em Filosofia, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e pós-graduada em estudos curatoriais, pela Faculdade de Belas-Artes, da mesma instituição.

A curadora é a vencedora da terceira edição do prémio, sucedendo a projetos de Maria do Mar Fazenda (2015) e de Hugo Dinis (2016). Da sua formação fazem parte seminários sobre arte contemporânea, curadoria e comunicação.

Foi produtora e responsável pela comunicação nas associações Artéria — Humanizing Architecture, Artes e Engenhos, Máquina Agradável e AADK Portugal, além de ter coordenado a divulgação e chefiado a produção, na produtora Terratreme Filmes, de dois filmes de Susana Nobre (2014).

Assumiu a direção de comunicação e a coordenação do projeto educativo das duas primeiras edições do festival de artes performativas Materiais Diversos (2009-10).

Tradutora de francês desde 1998, inventariou e catalogou o acervo documental e bibliográfico do espólio de Agostinho da Silva (1997).

Mantém o ‘blog’ Fogos Locais (fogoslocais), desde dezembro de 2010, escreveu e publicou sobre a obra de artistas como Sandro Resende, Sara Lamúrias, Rui Pedro Jorge e o pintor Urbano, escreveu para a revista V-Ludo e no Jornal Torrejano.

Entre os projetos em que participou ou promoveu encontram-se três exposições de designers portugueses no “Round the Corner” (2012), “Drifting/Em Deriva”, de António Pedro Lopes e Gustavo Ciríaco (Negócio 2012), com Sofia Borges, a vídeo-performance “Bardo” (Demimonde 2012), “Jacarandá”, com Jonas Lopes (Teatro do Bairro, 2013), e, a solo, “Arlequina” (Demimonde, 2013).

Publicou a peça de teatro “Como um quarto sem telhado”, na Coleção de Textos de Teatro, do Nacional D. Maria II, que foi apresentada no âmbito do festival “Leituras Encenadas”, em 2016.

Origem
Observador
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