Negócios

Empresas francesas têm três mil vagas à espera de portugueses

Embaixada prepara anúncio de um novo investimento francês "de peso" em Portugal. Será um novo centro na área das tecnologias da informação.

As empresas francesas são as segundas maiores investidoras diretas estrangeiras em Portugal e não pretendem perder na posição. Querem apostar cada vez mais nas áreas digitais mas veem obstáculos – falta mão-de-obra qualificada. A rede dos Conselheiros do Comércio Externo da França em Portugal (CCEF) diz que estão por preencher até três mil postos de trabalho, a somar aos mais de 46 mil empregos já gerados pelas multinacionais do país.

“Faltam entre dois mil e três mil empregados qualificados, sobretudo com competências digitais, relacionados com técnica, engenharia”, estima Pierre Debourdeau, presidente do grupo de conselheiros mandatado pelo governo francês para apoiar os trabalhos da embaixada francesa.

Mais de metade das empresas francesas com operações no país reconhecem este desafio, segundo o estudo Desafios e Impactos da Transformação Digital em Portugal, que é apresentado nesta terça-feira pela CCEF e BNP Paribas na 6.ª conferência Franco-Portuguesa que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. O baixo nível de digitalização do setor privado em Portugal, a escassez de capital para apoiar os mais bem-sucedidos entre as startups do país e a elevada concentração das tecnologias de informação em Lisboa e no Porto são outros dos desafios apontados.

O stock de investimento direto de França em Portugal era em junho de 6,3 mil milhões de euros

Apesar das dificuldades, é no setor digital que se espera o próximo reforço de investimento francês em Portugal. A Embaixada de França revela que o país voltará a ser escolhido para a instalação de um centro de serviços por uma empresa francesa. Sem indicar qual a empresa ou em que zona do país será feito o investimento, Debourdeau diz que esta será “de peso”. E engrossará a lista de operações em que já se encontram nomes como Altran, Webhelp, BNP Paribas, Europcar, Natixis ou Teleperformance.

A CCEF estima que atualmente entre 30% e 50% das despesas com formação nas subsidiárias de empresas francesas no país sejam dedicadam à conversão digital dos trabalhadores. “Temos aqui uma obrigação de chegar ao nível de formação que em França é obrigatório.” Neste país, as empresas estão obrigadas a uma contribuição para formação equivalente a 0,2% da massa salarial dos trabalhadores.

stock de investimento direto de França em Portugal era em junho de 6,3 mil milhões de euros, abaixo dos 6,7 mil milhões de euros de 2017, ano em que cresceu 140%. Mas Jean-Michel Casa, o embaixador de França em Portugal, assegura que o investimento irá continuar a subir. “O investimento francês está a crescer mais do que o investimento estrangeiro de outros países. Não vejo razões para esta tendência mudar. O crescimento da economia portuguesa está lá. O interesse em Portugal é evidente.”

Origem
DN
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