“Infelizmente teremos que ficar com os ciganos italianos em casa”, disse o ministro do Interior e líder do partido de extrema-direita Liga Norte.
Depois de não aceitar o desembarque dos 630 migrantes que seguiam na frota do “Aquarius”, o ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, vira-se agora para os ciganos, outro grupo que também tem sido alvo do partido que lidera, a Liga Norte.
Salvini anunciou que quer fazer um censo de todos os ciganos que vivem em Itália, de forma a poder expulsar aqueles que estão ilegalmente no país.
“Infelizmente teremos que ficar com os ciganos italianos em casa”, disse à estação de televisão regional TeleLombardia.
O objetivo do censo é ver “quem, como e quantos são” os ciganos em Itália, de forma a poder expulsar os que se encontrarem em situação ilegal.
“Estou a preparar um dossier sobre a questão dos ciganos em Itália, porque no ministério depois de [ex-ministro Roberto] Maroni, nada foi feito e é o caos”, afirmou Salvini. “Vamos ter um registo”, acrescentou o ministro.
Numa declaração subsequente, Salvini rejeita as suas declarações sejam “chocantes” e disse que o governo não tinha intenção de criar um arquivo especial para os ciganos ou tirar impressões digitais, mas queria proteger as crianças que são impedidas de frequentar a escola pelos próprios pais.
E que quer saber como os fundos da União Europeia destinados a ajudar as comunidades marginalizadas estão a ser gastos.
A comunidade cigana reagiu com cautela ao anúncio de Salvini, lembrando que o censo já foi feito no ano passado pelo Instituto Nacional de Estatística e pedindo uma reunião o mais rapidamente possível com Salvini.
“O ministro do Interior não parece saber que um censo com base na etnia não é permitido por lei”, afirmou à agência ANSA o presidente da Associazione 21 Luglio, que defende os direitos da comunidade cigana. “Além disso, dados e números sobre quem vive nos acampamentos formais e informais já existe e os poucos ciganos sem documentos são na realidade apátridas, e por isso não podem ser expulsos”, acrescentou.
A oposição foi mais crítica. “Salvini continua a sua campanha eleitoral com palavras cada vez mais aberrantes”, indicou uma senadora do Partido Democrata (centro-esquerda), Simona Malpezzi.