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Projeto para zona da Feira Popular leva “esperança” à freguesia

Diario Noticias

A proposta, que envolve 25 hectares, é discutida hoje. Prevê escritórios, habitação, comércio, serviços e espaços verdes

“A Feira Popular é um espaço de afeto. Ver permanentemente o vazio é muito complicado, até do ponto de vista afetivo. Vejo com muita esperança a renovação deste espaço da cidade”. É com agrado que Ana Gaspar, presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas, vê a Operação Integrada de Entrecampos, o projeto para os terrenos da antiga Feira Popular de Lisboa e zona circundante, apresentado ontem por Fernando Medina.

Cerca de 15 anos após o encerramento da feira, o projeto, que ocupa o equivalente a 25 campos de futebol, será apreciado na reunião privada do executivo, hoje, e entrará depois num período de discussão pública. Engloba, entre outras estruturas, 700 habitações de renda acessível, 138 mil metros quadrados para escritórios, espaços para comércio, equipamentos sociais e espaços verdes.

São cerca de 800 milhões de euros de investimento, cem dos quais responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa, que vão permitir a criação de 15 mil empregos. “É das maiores operações urbanísticas que a cidade de Lisboa conheceu nas últimas décadas”, destacou Fernando Medina, presidente da autarquia, durante uma visita aos locais que fazem parte do projeto, inspirado no que “Eduardo Souto de Moura trabalhou e propôs para estes terrenos”. Espera, por isso, que seja “uma montra de excelência da arquitetura portuguesa”.

Segundo o autarca, serão feitas três hastas públicas para os terrenos. Os escritórios vão nascer no espaço da antiga Feira Popular e num espaço entre a Avenida Álvaro Pais e a linha do comboio, atualmente vazios. E um terço do espaço da feira – o “coração desta operação” – será transformado num jardim.

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A operação prevê a construção de 279 fogos de habitação em regime de venda livre (da responsabilidade da iniciativa privada), 700 de habitação a renda acessível, um centro de serviços, uma ampla área de comércio, privilegiando as lojas de rua, um parque de estacionamento público na Avenida 5 de Outubro, e uma extensa área de espaços verdes. Para prestar apoio social, estão previstas três creches e um jardim-de-infância, uma unidade de cuidados continuados, centro de dia e lar. E será ainda preservada a memória do Teatro Vasco Santana e construída uma galeria de arte.

Ana Gaspar reconheceu que “há sempre impactos negativos” numa intervenção desta dimensão, nomeadamente o aumento do tráfego na zona, mas “existem mais fatores positivos” para quem vive na freguesia. Lembrou que aquela “é uma zona nobre da cidade, uma zona cara”, mas “é importante voltar a trazer à cidade as pessoas que têm estado a sair, casais jovens que não são, nem têm de ser, propriamente ricos”. Com a introdução de habitação a rendas acessíveis, referiu, “é o voltar à origem das Avenidas Novas, que era um mix social”.

Destacando que acolherá “criticamente” a proposta, que será discutida numa sessão aberta à população, a presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas sublinhou ao DN, ainda, a criação de emprego e das estruturas sociais, numa zona onde “há falta deste tipo de serviços”. Para Ana Gaspar, existe um “benefício real” deste projeto para as Avenidas Novas.

Contactado pelo DN, Paulo Lopes, vice-presidente da Associação de Moradores das Avenidas Novas, não quis comentar o projeto, uma vez que não conhece as suas especificidades. “Porque não fomos ouvidos neste processo. Não conhecemos a proposta e desconhecíamos que ia ser apresentada”, explicou.

Resolver problemas

Segundo Fernando Medina, esta é “uma oportunidade para oferecer à cidade aquilo de que ela necessita”. “O nosso objetivo é resolver vários problemas urbanos que a zona central de Entrecampos tem, ao mesmo tempo que conseguimos criar casas de renda acessível para as classes médias, conseguimos aumentar a oferta de escritórios, importante para o emprego, mais espaço público de qualidade e mais espaços verdes”, esclareceu o autarca.

No que diz respeito a prazos, Medina adiantou que “a primeira parte a estar finalizada será a reconversão dos prédios da Segurança Social ao longo da Avenida da República”, que a câmara vai adquirir e reabilitar para habitação, contando “ter esse processo concluído ao longo de 2019”.

Entretanto, os vereadores do CDS-PP na Câmara Municipal de Lisboa denunciaram uma possível violação do plano diretor municipal (PDM), nomeadamente na densificação da construção, com um possível impacto ao nível do tráfego e transportes públicos. Uma acusação rejeitada por Fernando Medina, que assegurou que não houve “nenhuma violação do PDM”. Com Lusa

Origem
DN
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