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Manipulação de dados automóveis custou 1,6 mil milhões de euros aos portugueses

A Federação Europeia de Transportes e Ambiente calcula que os automobilistas europeus gastaram mais 150 mil milhões de euros devido à manipulação dos testes de eficiência de combustível.

Só em Portugal, esta diferença custou aos condutores 1,6 mil milhões de euros, em dez anos.

Em 2017, diz o relatório da Federação Europeia de Transportes e Ambiente (E&T), os custos com combustível extra consumido devido à manipulação dos testes de eficiência automóvel ascenderam aos 23,4 mil milhões de euros. Os mais penalizados foram os alemães, com um custo extra de 34 mil milhões de euros, desde 2010, seguidos dos britânicos (24,1 mil milhões) e dos franceses, como (20,5 mil milhões).

Em Portugal, foram queimados, só em 2017, mais 264 milhões de euros em combustível do que aquilo que seria expectável. “A diferença entre o desempenho dos automóveis nos testes e em condições reais aumentou de 9%, em 2000, para 42%, em 2016, devido principalmente à manipulação dos testes laboratoriais por parte da indústria automóvel e também devido à tecnologia (como o start-stop), que proporciona economias superiores em laboratório, do que na estrada”, alerta a Quercus, que sublinha o relatório da E&T, divulgado esta terça-feira.

A Quercus apela aos ministros do Ambiente e eurodeputados que impeçam a indústria automóvel de continuar a defraudar as regras. “A proposta da CE para reduzir as emissões de CO2 dos veículos ligeiros de passageiros e comerciais, depois de 2020, é inadequada traduz-se numa nova autorização para que a indústria automóvel mantenha o sistema de jogo”, alerta a associação ambientalista.

Como consequência da legislação prevista, “os Estados-Membros ficarão mais longe de atingir os seus objetivos climáticos e os automobilistas continuarão a gastar mais em combustível”, argumenta a Quercus, que deposita pouca confiança no novo teste de laboratório que a Comissão Europeia e a indústria automóvel acordaram implementar, o WLTP – “Worldwide harmonized Light vehicle Test Procedure”.

“Ao inflacionar os resultados dos testes WLTP em pelo menos 10g/km, a indústria automóvel pode facilmente atingir a redução de 15% nas emissões de CO2 proposta pela CE até 2025, diminuindo o impacto desta meta em mais de metade”, argumenta a T&E, citada pela Quercus, advogando que há medidas que poderiam prevenir eficazmente “estas artimanhas”, como a introdução de um teste real ou o uso de dados de medidores de consumo de combustível.

“A análise da T&E mostra que estes [testes] evitariam 108 milhões de toneladas de CO2 equivalente até 2030 e poupariam aos automobilistas 54 mil milhões de euros na fatura de combustível, em comparação com a atual proposta da Comissão”, lê-se no comunicado, que sublinhando outra questão que resulta desta manipulação.

A melhoria da eficiência no consumo de combustível está a revelar-se muito aquém do apregoado pelas marcas, apenas 10% desde 2000, apesar dos regulamentos para reduzir as emissões. “Os grandes lesados são os cidadãos que pagam por mais combustível e sofrem as consequências das alterações climáticas”, argumenta a Quercus.

“Desde 2000, a manipulação dos testes de CO2 implicou a emissão de mais 264 milhões de toneladas de CO2 equivalente, correspondente às emissões anuais de CO2 dos Países Baixos”, argumenta.

Origem
JN
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